São Paulo, sexta-feira, 08 de setembro de 2006

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Só colocar placa não resolve, diz especialista

Para ex-presidente do Contran, limite de velocidade deveria ser revisto


Ele diz que, para evitar acidentes, o ideal seria instalar radares ao longo de toda a via, e não apenas nos trechos mais críticos


DA REPORTAGEM LOCAL

Presidente do Conselho Nacional de Trânsito por 11 anos, Kazuo Sakamoto acha que tornar obrigatória a colocação de placas alertando sobre a existência de radares e deixar os equipamentos visíveis são medidas insuficientes para diminuir o número de acidentes.
"A primeira coisa a se fazer é rever os limites de velocidade", disse Sakamoto, que esteve no comando do Contran nos governos José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.
"Hoje não há critérios técnicos para fixar os limites. Assim, o motorista sente que pode andar mais rápido, mas o limite é baixo. O cidadão acha que estão diminuindo a velocidade máxima apenas para multar, o que leva ao desrespeito", disse.
A segunda mudança que deveria ser feita, na opinião de Sakamoto, é alterar a utilização dos equipamentos.
Os radares fixos, conhecidos como pardal, por exemplo, deveriam ser colocados ao longo de toda a via, e não apenas nos trechos críticos. "Dessa forma, não compensaria para o condutor ficar acelerando e desacelerando. Aí, sim, a presença da sinalização desses radares teria grande impacto."
Já as lombadas eletrônicas não poderiam ter limite acima dos 30 km/h. "Esses equipamentos substituem a lombada convencional. Então como pode o limite chegar a 60 km/h? A lógica está toda desvirtuada."

Multas e acidentes
Para especialistas, nem sempre a presença de radares significa redução de acidentes. O governo paulista, por exemplo, ampliou o número de radares nos 22 mil quilômetros de sua malha rodoviária e multiplicou multas, mas os resultados não melhoraram.
De 2003 a 2004, o número de aparelhos de controle da velocidade saltou de 79 para 163, e o de multas, de 754 mil para 1,4 milhão. No entanto, a quantidade de acidentes, feridos e mortes aumentou 9%, 6% e 4%, respectivamente.
(FÁBIO TAKAHASHI)


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