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Mora dores tentam barra Alphaville na Granja Viana
Construção de condomínio na Grande SP já desmatou área de 200 mil m2
Dona do empreendimento diz ter obtido licença do Estado para retirar mata atlântica; ONG ambiental vai à Justiça para embargar obra
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O início da construção de um
empreendimento Alphaville na
Granja Viana, na divisa entre
Cotia e Carapicuíba, municípios da Grande São Paulo, vem
causando protestos dos moradores da região e deve acabar
na Justiça por causa do desmate de uma área de 200 mil m2
para a demarcação de lotes.
O novo condomínio fica na
avenida São Camilo, uma via
estreita, de mão dupla, que começa na rodovia Raposo Tavares, na altura do km 26.
Cravado em meio à mata
atlântica, o empreendimento
possui área de 675 mil m2 e
abrigará 304 lotes residenciais
e 29 comerciais. Cada terreno,
de 590 m2, foi vendido por
aproximadamente R$ 200 mil.
O fato de o local já registrar
constantes engarrafamentos é
uma das preocupações dos moradores, que terão de conviver
com mais carros -cerca de
1.500 novos veículos a longo
prazo, de acordo com técnicos
ouvidos pela Folha.
O início da preparação dos
lotes chamou a atenção dos
moradores. Nas últimas semanas, quem passou pela altura
do número 2.100 da avenida
se deparou com uma pilha de
árvores cortadas.
Apesar de a dona do empreendimento, a Alphaville Urbanismo, ter obtido com o Estado a licença para a retirada da
vegetação, a ONG Instituto
Brasileiro de Proteção Ambiental pretende ingressar nesta semana com uma ação para
embargar a obra e pedir a responsabilização das autoridades
que permitiram o seu início.
Os cortes das árvores ocorreram em 30% de toda a área do
novo condomínio. O desmate
abrangeu um espaço equivalente a 19 campos de futebol.
Presidente da ONG, Carlos
Bocuhy diz que o empreendimento ameaça quatro espécies
em extinção: as aves papagaio-verdadeiro, maracanã-pequena e jacu-guaçu e o sagui-de-tufo-preto. "O caso tipifica a
ineficiência do poder público
na concessão das licenças", diz.
Ele afirma que, antes das
obras, seria preciso fazer um
estudo de impacto ambiental
mais aprofundado. "No meu
entendimento, há indícios de
favorecimento ao empreendedor", diz o presidente da ONG.
José Roberto Baraúna, que
preside o Movimento Granja
Viva, ONG de moradores da região, afirma que a infraestrutura local não comporta um condomínio do porte do Alphaville. "Não somos contra o desenvolvimento, mas era preciso
consultar a população antes."
A empresa diz que fará compensações ambientais e que a
chegada dos moradores será
gradativa. Ela prevê uma ocupação de 80% do condomínio
em 20 ou 30 anos.
"É preciso tomar providências agora para que não façam
com a Raposo Tavares o que fizeram com a Castello Branco",
diz o engenheiro Luiz Célio
Bottura, técnico em trânsito,
referindo-se à Alphaville da região de Barueri.
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