São Paulo, terça, 8 de setembro de 1998

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CRIMES
Francisco Pereira agia igual aos criminosos sexuais comuns
Maníaco do parque não é 'gênio do crime', diz tese da PUC-Campinas

GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local

Tese de mestrado defendida na PUC de Campinas desmistifica a imagem de "gênio do crime" atribuída ao motoboy Francisco de Assis Pereira, que confessou ser o maníaco do parque do Estado e que matou nove mulheres em São Paulo.
O estudo revela que o motoboy agia dentro do comportamento padrão dos criminosos sexuais: sempre em lugares públicos (85,6% dos casos) e atacando garotas de 13 a 18 anos.
O motoboy ganhou a fama de "gênio do crime" depois de cometer uma série de crimes e escapar por 23 dias do cerco da polícia.
Além disso, Pereira foi considerado um criminoso inteligente porque convencia suas vítimas a acompanhá-lo até um lugar desconhecido usando apenas a capacidade de persuasão.
"O motoboy não é nada original. Dentro do estudo, encontramos casos de homens que se aproveitam da ingenuidade de garotas jovens e as atraíam com promessas de carreiras promissoras como a de modelo", afirmou a defensora do mestrado, Maria de Fátima Franco dos Santos, supervisora da cadeira de psicologia forense do Instituto de Psicologia da PUC-Campinas.
Ela desenvolveu o estudo "Violência sexual contra a mulher, cometida por agressor desconhecido" em 1993, baseando-se em 83 boletins de ocorrência registrados em Campinas (a 99 quilômetros de São Paulo).
O estudo revela que a maioria das abordagens feitas pelos criminosos aconteceu em lugares públicos, como ruas movimentadas e pontos de ônibus. A abordagem inicial também nunca é acompanhada de violência.
Segundo a psicóloga, os agressores adotam essa tática para "mascarar" a intenção da violência. "Eles puxam conversa e pedem informações em lugares públicos justamente para que a vítima nunca desconfie que vai sofrer algum ataque", disse Maria de Fátima. "Depois, eles levam as mulheres para lugares distantes e de difícil acesso justamente para evitar a possibilidade de um flagrante."



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