São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2004

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VIOLÊNCIA

Total de ocorrências registradas subiu 18% em 2003; maior aumento envolve delitos contra o patrimônio e relacionados a drogas

Registro de crimes sobe no governo Lula

IURI DANTAS
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dados inéditos compilados pelo Ministério da Justiça mostram que houve um aumento de 18% nos registros de crime anotados pelas polícias civis dos Estados no primeiro ano de gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando comparados com os números de 2002. De 2001 para 2002, o aumento foi de 11%. As taxas mais altas de crescimento apontam para registros de crimes contra o patrimônio -como seqüestros e roubos- e delitos envolvendo drogas.
Os registros de crimes tidos como mais preocupantes em matéria de segurança pública -como assassinato, roubo seguido de morte, morte suspeita e lesão corporal seguida de morte- tiveram um pequeno decréscimo de 2002 (27,2 ocorrências por 100 mil habitantes) para 2003 (26,7 por 100 mil habitantes), segundo os dados do Ministério da Justiça. A taxa, porém, ainda é considerada extremamente alta.
Os dados foram repassados ao governo federal pelos Estados, responsáveis constitucionalmente pela segurança. São considerados apenas os crimes ocorridos em cidades com mais de 100 mil habitantes. A Secretaria Nacional de Segurança Pública desenvolveu um método próprio para sistematizar as informações e o aplicou nos dados disponíveis até 2001. Por esse motivo, não é possível comparar os índices com levantamentos de anos anteriores.
Entre as regiões, a Sudeste é a que concentra maior número de registros de crime. Em 2003, os quatro Estados -São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo- registraram 60% de todos os roubos e seqüestros, considerados crimes violentos contra o patrimônio. Segundo o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, só a partir deste ano os números irão refletir a política de segurança de Lula. "A expectativa do governo federal é que, além de auxiliar os Estados no sentido de seus diagnósticos, essa criação do banco de dados padronizado possa refletir também os resultados da implementação da nova política nacional de segurança", afirmou.
Entre as apostas da União para a diminuição dos registros de crime estão o Susp (Sistema Único de Segurança Pública), com gabinetes estaduais nos quais as polícias e o Ministério Público trocam informações, e a campanha de desarmamento, que recolheu cerca de 122 mil armas até ontem. Para 2005, o ministério pretende fazer a primeira campanha nacional de vitimização, para levantar todas as vítimas de violência, como ocorre no censo do IBGE.

Tendências
Responsável pelo levantamento, Marcelo Durante, coordenador-geral de Pesquisa da Senasp, avalia que há três tendências expostas nos dados. A primeira mostra que os crimes violentos contra vida estão estáveis. "Os homicídios estão estáveis, caindo. A curva [de evolução] tende a ser decrescente", explicou.
A segunda tendência mostra o aumento dos crimes ligados às drogas, cujos registros aumentaram 4% de 2001 a 2002 e 8%, em 2003. A terceira leitura das tabelas indica que os crimes contra o patrimônio estão crescendo. Hoje, somente os furtos respondem por 32% do total de registros de ocorrências feitos pelas polícias civis no país. "Não há como dizer se é um crescimento vegetativo. Sabemos que há uma presença cada vez maior de bens de consumo na sociedade. Hoje todo mundo que tem um celular furtado presta queixa", afirmou Durante.


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