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VIOLÊNCIA
Total de ocorrências registradas subiu 18% em 2003; maior aumento envolve delitos contra o patrimônio e relacionados a drogas
Registro de crimes sobe no governo Lula
IURI DANTAS
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dados inéditos compilados pelo
Ministério da Justiça mostram
que houve um aumento de 18%
nos registros de crime anotados
pelas polícias civis dos Estados no
primeiro ano de gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
quando comparados com os números de 2002. De 2001 para 2002,
o aumento foi de 11%. As taxas
mais altas de crescimento apontam para registros de crimes contra o patrimônio -como seqüestros e roubos- e delitos envolvendo drogas.
Os registros de crimes tidos como mais preocupantes em matéria de segurança pública -como
assassinato, roubo seguido de
morte, morte suspeita e lesão corporal seguida de morte- tiveram
um pequeno decréscimo de 2002
(27,2 ocorrências por 100 mil habitantes) para 2003 (26,7 por 100
mil habitantes), segundo os dados
do Ministério da Justiça. A taxa,
porém, ainda é considerada extremamente alta.
Os dados foram repassados ao
governo federal pelos Estados,
responsáveis constitucionalmente pela segurança. São considerados apenas os crimes ocorridos
em cidades com mais de 100 mil
habitantes. A Secretaria Nacional
de Segurança Pública desenvolveu um método próprio para sistematizar as informações e o aplicou nos dados disponíveis até
2001. Por esse motivo, não é possível comparar os índices com levantamentos de anos anteriores.
Entre as regiões, a Sudeste é a
que concentra maior número de
registros de crime. Em 2003, os
quatro Estados -São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo- registraram 60% de
todos os roubos e seqüestros,
considerados crimes violentos
contra o patrimônio. Segundo o
secretário nacional de Segurança
Pública, Luiz Fernando Corrêa, só
a partir deste ano os números irão
refletir a política de segurança de
Lula. "A expectativa do governo
federal é que, além de auxiliar os
Estados no sentido de seus diagnósticos, essa criação do banco de
dados padronizado possa refletir
também os resultados da implementação da nova política nacional de segurança", afirmou.
Entre as apostas da União para a
diminuição dos registros de crime
estão o Susp (Sistema Único de
Segurança Pública), com gabinetes estaduais nos quais as polícias
e o Ministério Público trocam informações, e a campanha de desarmamento, que recolheu cerca
de 122 mil armas até ontem. Para
2005, o ministério pretende fazer
a primeira campanha nacional de
vitimização, para levantar todas
as vítimas de violência, como
ocorre no censo do IBGE.
Tendências
Responsável pelo levantamento, Marcelo Durante, coordenador-geral de Pesquisa da Senasp,
avalia que há três tendências expostas nos dados. A primeira
mostra que os crimes violentos
contra vida estão estáveis. "Os homicídios estão estáveis, caindo. A
curva [de evolução] tende a ser
decrescente", explicou.
A segunda tendência mostra o
aumento dos crimes ligados às
drogas, cujos registros aumentaram 4% de 2001 a 2002 e 8%, em
2003. A terceira leitura das tabelas
indica que os crimes contra o patrimônio estão crescendo. Hoje,
somente os furtos respondem por
32% do total de registros de ocorrências feitos pelas polícias civis
no país. "Não há como dizer se é
um crescimento vegetativo. Sabemos que há uma presença cada
vez maior de bens de consumo na
sociedade. Hoje todo mundo que
tem um celular furtado presta
queixa", afirmou Durante.
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