São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2004

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MUNDO

Para Delanoë, problemas de cidades são semelhantes

Associação de governantes busca justiça social, diz prefeito de Paris

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

Uma das prioridades do trabalho da CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos), associação que reúne prefeitos e governantes locais de cerca de 100 mil cidades de todos os continentes, é buscar "colocar um pouco de democracia e de justiça social na globalização", de acordo com Bertrand Delanoë, prefeito de Paris.
"Falei com Kofi Annan, na terça-feira, em Nova York, justamente para lhe passar essa mensagem. A ONU está interessada em ter com a CGLU um sistema de intercâmbio de informações porque, como lembrou o secretário-geral da entidade, só os prefeitos podem realmente pôr em prática algumas iniciativas da ONU, como as Metas do Milênio", afirmou Delanoë à Folha, em entrevista concedida em São Paulo.
Entre os principais objetivos desse projeto internacional, que, em tese, deverão ser atingidos até 2015, estão a redução da pobreza extrema, a promoção da igualdade de gênero e o acesso à educação básica e à água tratada.
De acordo com Delanoë, que preside a CGLU ao lado da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e do prefeito de Pretória (África do Sul), Smangaliso Mkhatshwa, a associação também tem objetivos práticos claros, como o intercâmbio de experiências positivas.
"Em menos de 25 anos, 60% da população mundial viverá em zonas urbanas. Constatamos que prefeitos oriundos de diferentes partes do planeta têm os mesmos problemas no que tange à escola, ao saneamento, à saúde, ao transporte, à luta afirmou Delanoë, que esteve em São Paulo para participar da primeira reunião do comitê executivo da organização.
"Queremos realizar projetos concretos juntos. Assim, tornamos públicas as boas práticas dos diferentes prefeitos, para que outros possam utilizá-las. Não é indigno inspirar-se nas idéias dos outros. Além disso, há temas muito graves, e um fórum de discussão pode ajudar na solução dos problemas", acrescentou.
"A água, por exemplo, é uma questão muito delicada para localidades na África e no Oriente Médio. Tentamos, com a CGLU, pôr frente a frente os prefeitos que terão esses problemas e representantes da indústria da água", completou o prefeito de Paris. A associação de prefeitos foi fundada em maio, na capital francesa.
Ademais, ainda de acordo com Delanoë, a organização serve de "fórum de discussão e de entendimento entre os povos".
"Podemos ajudar no debate entre povos que, normalmente, têm dificuldade em dialogar. Por exemplo, temos em nossa associação prefeitos israelenses e palestinos, que trabalham juntos em nossos programas de cooperação. Não falamos em paz no Oriente Médio, mas a semente já está plantada", avaliou Delanoë.
A primeira reunião do comitê executivo da CGLU, que é composto por 106 autoridades locais de todo o mundo, termina hoje.


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