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MUNDO
Para Delanoë, problemas de cidades são semelhantes
Associação de governantes busca justiça social, diz prefeito de Paris
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Uma das prioridades do trabalho da CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos), associação
que reúne prefeitos e governantes
locais de cerca de 100 mil cidades
de todos os continentes, é buscar
"colocar um pouco de democracia e de justiça social na globalização", de acordo com Bertrand Delanoë, prefeito de Paris.
"Falei com Kofi Annan, na terça-feira, em Nova York, justamente para lhe passar essa mensagem. A ONU está interessada
em ter com a CGLU um sistema
de intercâmbio de informações
porque, como lembrou o secretário-geral da entidade, só os prefeitos podem realmente pôr em prática algumas iniciativas da ONU,
como as Metas do Milênio", afirmou Delanoë à Folha, em entrevista concedida em São Paulo.
Entre os principais objetivos
desse projeto internacional, que,
em tese, deverão ser atingidos até
2015, estão a redução da pobreza
extrema, a promoção da igualdade de gênero e o acesso à educação básica e à água tratada.
De acordo com Delanoë, que
preside a CGLU ao lado da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e
do prefeito de Pretória (África do
Sul), Smangaliso Mkhatshwa, a
associação também tem objetivos
práticos claros, como o intercâmbio de experiências positivas.
"Em menos de 25 anos, 60% da
população mundial viverá em zonas urbanas. Constatamos que
prefeitos oriundos de diferentes
partes do planeta têm os mesmos
problemas no que tange à escola,
ao saneamento, à saúde, ao transporte, à luta afirmou Delanoë, que
esteve em São Paulo para participar da primeira reunião do comitê executivo da organização.
"Queremos realizar projetos
concretos juntos. Assim, tornamos públicas as boas práticas dos
diferentes prefeitos, para que outros possam utilizá-las. Não é indigno inspirar-se nas idéias dos
outros. Além disso, há temas muito graves, e um fórum de discussão pode ajudar na solução dos
problemas", acrescentou.
"A água, por exemplo, é uma
questão muito delicada para localidades na África e no Oriente Médio. Tentamos, com a CGLU, pôr
frente a frente os prefeitos que terão esses problemas e representantes da indústria da água",
completou o prefeito de Paris. A
associação de prefeitos foi fundada em maio, na capital francesa.
Ademais, ainda de acordo com
Delanoë, a organização serve de
"fórum de discussão e de entendimento entre os povos".
"Podemos ajudar no debate entre povos que, normalmente, têm
dificuldade em dialogar. Por
exemplo, temos em nossa associação prefeitos israelenses e palestinos, que trabalham juntos em
nossos programas de cooperação.
Não falamos em paz no Oriente
Médio, mas a semente já está
plantada", avaliou Delanoë.
A primeira reunião do comitê
executivo da CGLU, que é composto por 106 autoridades locais
de todo o mundo, termina hoje.
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