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Quatro obras de hospitais estão paradas no Estado
Até agora, esqueletos já consumiram R$ 33,6 milhões de verbas públicas
Em Araçatuba, prefeito quer
entregar prédio para
iniciativa privada; USP
promete concluir obra do
Centrinho de Bauru
DA FOLHA RIBEIRÃO
No interior paulista, há pelo
menos quatro hospitais que
não cumprem a função para a
qual foram projetados. Eles não
passam de prédios fantasmas,
cujas obras foram paralisadas
depois de consumir cerca de R$
33,6 milhões de verbas públicas. Se fossem terminados, poderiam elevar a capacidade de
atendimento à população -segundo a Secretaria Estadual da
Saúde, não há déficit de leitos
em São Paulo.
O novo prédio do Hospital de
Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP -conhecido
como Centrinho de Bauru-,
por exemplo, foi idealizado para ampliar o atendimento do
velho hospital que é referência
na América Latina em malformações craniofaciais complexas e síndromes raras.
O governo federal investiu
cerca de R$ 18 milhões na obra,
paralisada duas vezes, a última
vez em 2000. Para a conclusão,
seriam necessários mais R$ 20
milhões.
A USP disse que deve abrir licitação neste mês. O Estado
promete liberar a verba.
"Se a obra não tivesse parado,
o custo seria bem menor, pela
própria deterioração que ocorreu durante os anos", disse o diretor administrativo-financeiro do Centrinho, João Henrique Nogueira Pinto.
Ourinhos
Em Ourinhos, o Hospital Regional deveria desafogar a Santa Casa local, que tem uma taxa
média de ocupação de 95% dos
138 leitos SUS, além de realizar
aproximadamente 10 mil atendimentos de urgência e emergência por mês.
Mas a obra do prédio que
consumiu R$ 5 milhões da
União foi interrompida em
1992, após os escândalos envolvendo o então presidente da
República Fernando Collor. No
lugar da obra que deveria ter oito andares, só há um esqueleto
de dois andares.
A Prefeitura de Ourinhos,
dona do terreno, disse que o
projeto do hospital foi abandonado pela União e que o município não tem recursos para
terminar a obra, que ainda consumiria R$ 20 milhões.
O plano do prefeito Toshio
Misato (PSDB) é investir R$
800 mil para concluir os dois
andares e instalar no prédio
uma unidade do Senai.
Modelo
Em Araçatuba, o esqueleto
de quase 40 anos leva o irônico
nome de Hospital Modelo. Segundo a prefeitura, o hospital
foi construído pela iniciativa
privada e até chegou a funcionar precariamente na década
de 70, antes de ser desapropriado pelo governador Orestes
Quércia em 1990.
O investimento estadual na
época corresponde hoje a R$ 10
milhões, segundo o prefeito
Jorge Maluly Neto (DEM). Ele
disse que pensou em retomar a
obra, mas um laudo "apontou
inviabilidade técnica e inadequação para a instalação de
hospital".
Em maio do ano passado, a
Assembléia aprovou a cessão
da área para a prefeitura com
uma exigência: a implantação
de uma repartição de ensino.
Maluly Neto não aceitou, já que
pretende repassar o prédio para a iniciativa privada, provavelmente para a implantação
de uma universidade.
"O prédio precisa de um investimento de R$ 10 milhões. A
prefeitura não tem recursos. A
idéia é ceder a área por 30, 40
anos para a iniciativa privada
dar uma ocupação ao prédio.
Ou faz isso ou tem que demolir
o prédio, que deixa a cidade
feia", disse Maluly Neto.
Lixo acumulado
Rio Claro também tem um
hospital inacabado. O prédio
que deveria desafogar a Santa
Casa consumiu R$ 649 mil
(corrigidos) da União, mas só
serve para acumular lixo.
Os buracos das portas e janelas foram vedados com concreto para evitar invasões. A obra
para a construção do mini-hospital do bairro Cervezão está
parada desde 2002.
"Foi uma obra que começou
errada, porque o próprio valor
inicial já era insuficiente para a
construção", disse o secretário
de Negócios Jurídicos da prefeitura, José Piovezan.
Segundo ele, a prefeitura prevê gastar mais R$ 800 mil para
concluir o hospital.
(JSJ e FFG)
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