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Cursinho achou que proposta era brincadeira
Oferta foi feita sete dias depois de uma das provas ter sido furtada da gráfica; CPV diz que negociante parecia ter pressa
Segundo diretor do CPV, contato foi feito por meio da editora do grupo, através
de telefonema na segunda-feira da semana passada
PATRÍCIA GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL
O curso pré-vestibular CPV,
da cidade de São Paulo, foi procurado no último dia 28 por um
homem que afirmava ter as
duas provas do Enem (Exame
Nacional do Ensino Médio). A
oferta, por R$ 200 mil, foi feita
cinco dias antes da data prevista para a realização do exame.
De acordo com Alexandre
Chumer, diretor de comunicação do cursinho (que tem cerca
de 600 alunos), o contato do suposto vendedor foi feito através
da editora do grupo.
O representante de vendas
da editora recebeu um telefonema na segunda-feira da semana passada. Primeiro, diz
Chumer, o homem ofereceu as
duas provas por R$ 200 mil.
Diante da recusa em comprar o
exame, o homem baixou o preço para R$ 50 mil. A oferta foi
novamente recusada.
"Fora toda a questão ética,
temos poucos alunos fazendo o
Enem. Nem seria interessante
para a gente", disse Chumer.
A Polícia Federal já indiciou
cinco pessoas sob suspeita de
envolvimento no furto e na tentativa de venda das provas, por
R$ 500 mil, para jornalistas.
Esse grupo, segundo a PF, furtou o exame nos dias 21 e 22,
durante a fase de manuseio do
material -que se segue à impressão. Três dos acusados trabalhavam para o consórcio
Connasel, que era responsável
pela impressão, distribuição e
aplicação das provas.
O contato desse grupo com
os jornalistas foi feito no dia 29.
No dia 1º, quando "O Estado de
S.Paulo" divulgou que a prova
havia vazado, o MEC cancelou
o exame e agora o remarcou para os dias 5 e 6 de dezembro.
O grupo ficou com as provas
por uma semana. A Polícia Federal, porém, investigou o furto
por seis dias e concluiu que o
caso está "esclarecido".
A PF, no entanto, não informa se investigou a hipótese de a
prova ter sido oferecida a outras pessoas ou a outros cursinhos pré-vestibulares, teoricamente os maiores interessados
em obter uma cópia do exame
para assegurar um bom desempenho de seus alunos.
Pressa na venda
Chumer, do CPV, afirma não
ter a menor ideia de quem ofereceu a prova ao cursinho. Ele
também não soube informar
ontem se o funcionário que recebeu a ligação do suposto vendedor viu as provas.
"Pelo que o Fernando [representante de vendas da gráfica
CPV] diz, a impressão que dava
é que eles estavam apressados
para vender e tentando jogar
essa prova no mercado", diz o
diretor do cursinho.
Chumer afirmou que, entre
os coordenadores de cursinhos
pré-vestibulares que conhece,
ninguém disse ter recebido
oferta parecida.
Segundo o diretor do CPV,
primeiro o cursinho achou que
a oferta fosse uma "piada". "No
início a gente achou que era
brincadeira, mas, quando viu o
que aconteceu [a confirmação
de que um grupo havia furtado
a prova], a gente pensou que
efetivamente poderia ser verdade", afirmou.
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