São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA
Até o início da noite de ontem, dois agentes continuavam como reféns; líderes pedem transferência e troca de diretor
Rebelados negociam acordo em Rondônia

VIVIANE PEREIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

Apesar do anúncio de um acordo, a rebelião na Casa de Detenção José Mário Alves da Silva, em Porto Velho (RO), continuava até as 17h de ontem (19h no horário de Brasília). Os amotinados ainda mantinham dois agentes penitenciários como reféns. O motim começou no último domingo.
A comissão de negociação divulgou, por volta de 13h (horário local), que os detentos estavam acertando um acordo. A Polícia Militar chegou a liberar o fornecimento de água e de energia elétrica para a penitenciária, mas logo voltou atrás.
Os detentos estavam sem água, comida e energia elétrica desde o início do motim, que começou por volta de 6h30 de domingo.
Segundo informações da Polícia Militar, até o final da tarde de ontem dois presos tinham sido mortos, e outros, feridos.
Anteontem, o secretário da Segurança Pública, coronel PM Reinaldo Silva Simião, disse à Agência Folha que havia outra vítima, um detento que teria sido ferido na penitenciária e morrido no hospital. Essa outra morte foi negada ontem pelo coronel Amoan Garrett, que integrava a equipe de negociação com os presos. "Foi uma confusão de informações."
Um agente penitenciário foi ferido a tiros e liberado pelos rebelados no domingo. Ele passou por uma cirurgia, mas já não corria risco de morte.

Acordo
No acordo que estava sendo preparado no início da tarde, a polícia disse que tinha acertado a transferência inicial de seis detentos -quatro para o Acre e dois para o Complexo Penitenciário Ênio Pinheiro, que tem o maior índice de fugas da capital rondoniense (173 fugas entre janeiro e agosto deste ano).
Os outros pedidos de transferência (120 no total) seriam analisados pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público.
O coronel Amoan Garrett disse que os detentos rebelados exigiram que o major PM João Moreira Bonfim fosse nomeado diretor do presídio.
"Falamos com o major, e ele já aceitou. Agora contatamos o comando da PM para viabilizar a nomeação", afirmou Garrett.
Outras reivindicações que, segundo a comissão de negociação, constariam do acordo seriam liberação de visitas íntimas (não nas celas, como foi pedido, mas em um local próprio), liberação de uso de aparelhos eletrônicos nas celas e revistas sem represália.

Rebelião
A rebelião começou com uma tentativa de fuga. Segundo testemunhas, alguns líderes pediram carros e armas para fugir.
Os dois presos mortos foram esfaqueados e jogados de cima da caixa d'água da cadeia, também conhecida como Urso Branco, a uma altura de 25 metros. Isso aconteceu no domingo.
Os rebelados mantinham alguns presos como reféns, usando-os na negociação com a polícia.
Um deles foi jogado de cima do prédio, anteontem, por volta das 12h, em protesto porque a polícia estava demorando nas negociações. Até o fim da tarde de ontem, a polícia ainda não sabia se ele havia sobrevivido.
Entre os líderes da rebelião da Urso Branco estão presos que comandaram o levante que aconteceu no mês passado no Paraná.
Naquele motim, depois de desistir do plano inicial de fuga, os presos negociaram a transferência para outros Estados, três deles para Rondônia.


Texto Anterior: Cinco são indiciados por desabamento
Próximo Texto: Presos são transferidos de Lorena após rebelião que destruiu cadeia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.