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VIOLÊNCIA
Até o início da noite de ontem, dois agentes continuavam como reféns; líderes pedem transferência e troca de diretor
Rebelados negociam acordo em Rondônia
VIVIANE PEREIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
Apesar do anúncio de um acordo, a rebelião na Casa de Detenção José Mário Alves da Silva, em
Porto Velho (RO), continuava até
as 17h de ontem (19h no horário
de Brasília). Os amotinados ainda
mantinham dois agentes penitenciários como reféns. O motim começou no último domingo.
A comissão de negociação divulgou, por volta de 13h (horário
local), que os detentos estavam
acertando um acordo. A Polícia
Militar chegou a liberar o fornecimento de água e de energia elétrica para a penitenciária, mas logo
voltou atrás.
Os detentos estavam sem água,
comida e energia elétrica desde o
início do motim, que começou
por volta de 6h30 de domingo.
Segundo informações da Polícia
Militar, até o final da tarde de ontem dois presos tinham sido mortos, e outros, feridos.
Anteontem, o secretário da Segurança Pública, coronel PM Reinaldo Silva Simião, disse à Agência Folha que havia outra vítima,
um detento que teria sido ferido
na penitenciária e morrido no
hospital. Essa outra morte foi negada ontem pelo coronel Amoan
Garrett, que integrava a equipe de
negociação com os presos. "Foi
uma confusão de informações."
Um agente penitenciário foi ferido a tiros e liberado pelos rebelados no domingo. Ele passou por
uma cirurgia, mas já não corria
risco de morte.
Acordo
No acordo que estava sendo
preparado no início da tarde, a
polícia disse que tinha acertado a
transferência inicial de seis detentos -quatro para o Acre e dois
para o Complexo Penitenciário
Ênio Pinheiro, que tem o maior
índice de fugas da capital rondoniense (173 fugas entre janeiro e
agosto deste ano).
Os outros pedidos de transferência (120 no total) seriam analisados pelo Poder Judiciário e pelo
Ministério Público.
O coronel Amoan Garrett disse
que os detentos rebelados exigiram que o major PM João Moreira Bonfim fosse nomeado diretor
do presídio.
"Falamos com o major, e ele já
aceitou. Agora contatamos o comando da PM para viabilizar a
nomeação", afirmou Garrett.
Outras reivindicações que, segundo a comissão de negociação,
constariam do acordo seriam liberação de visitas íntimas (não
nas celas, como foi pedido, mas
em um local próprio), liberação
de uso de aparelhos eletrônicos
nas celas e revistas sem represália.
Rebelião
A rebelião começou com uma
tentativa de fuga. Segundo testemunhas, alguns líderes pediram
carros e armas para fugir.
Os dois presos mortos foram esfaqueados e jogados de cima da
caixa d'água da cadeia, também
conhecida como Urso Branco, a
uma altura de 25 metros. Isso
aconteceu no domingo.
Os rebelados mantinham alguns presos como reféns, usando-os na negociação com a polícia.
Um deles foi jogado de cima do
prédio, anteontem, por volta das
12h, em protesto porque a polícia
estava demorando nas negociações. Até o fim da tarde de ontem,
a polícia ainda não sabia se ele havia sobrevivido.
Entre os líderes da rebelião da
Urso Branco estão presos que comandaram o levante que aconteceu no mês passado no Paraná.
Naquele motim, depois de desistir do plano inicial de fuga, os
presos negociaram a transferência para outros Estados, três deles
para Rondônia.
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