São Paulo, domingo, 08 de dezembro de 2002

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DANUZA LEÃO

Um Natal mais simples

Natal, inflação, calor, compras; o quadro não pode ser mais ameaçador. Mas como o Brasil vai mudar, podemos aproveitar e mudar junto, começando pela inevitável lista de presentes.
Com ou sem dinheiro, o pesadelo é igual, e as pessoas acabam caindo numa coisinha bem inútil, tipo uma vela bem cheirosa para acender na sala. Evite: em primeiro lugar, a temperatura está em volta dos 40C; em segundo, as crianças podem derrubar e causar um incêndio; em terceiro, o aroma pode não ser o seu preferido; em quarto, não tem nada pior do que uma vela perfumada.
Como no Natal só se dá lembrancinhas -mais ou menos caras, mas sempre lembrancinhas- e o calor não costuma ser a favor da criatividade, que tal partir para coisas mais condizentes com os novos tempos, isto é, mais baratas, mais úteis e mais práticas, lembrando sempre dos presentes que recebeu nos outros anos e que mandou diretamente para os porteiros? Quais os presentes que te deram realmente prazer? Pouquíssimos. Então, vamos mudar isso rapidinho.
Dependendo do tamanho da sua conta no banco: uma bebida é sempre útil, de uma garrafa de cachaça para fazer caipirinha a uma caixa de champagne Dom Perignon (que você pode pedir por telefone, pode ser melhor?). Cesta de Natal, nem pense; elas começam bem, mas o nível vai baixando e termina sempre num vidro de geléia e num de azeitona; aí, só chorando. Cesta de Natal só aquela mais cara de todas, e como essa você não vai mandar mesmo (nem receber, a não ser que seja empresário ou ministro -do novo governo, bem entendido), esqueça.
Outra sugestão: um vidro de shampoo, um sabonete ou uma pasta de dentes.
Está achando pobre? É só incrementar. Vá a uma importadora e compre 12 shampoos da mais cara das marcas, 24 tubos de dentifrício e 48 sabonetes ingleses. Sinceramente: não é muito melhor do que ganhar uma agenda ou uma carteira com a qual você nunca vai se ajeitar? Agendas e carteiras são coisas pessoais, e cada um sabe se gosta de ter junto o dinheiro, o talão de cheques e o cartão de crédito ou não; aliás, quase tudo é pessoal e se você, quando vai comprar para você mesma, fica na dúvida entre uma bolsa maior ou menor, como outra pessoa vai conseguir acertar? Aliás, uma sugestão para quem quiser presentear nossa primeira dama eleita: uma bolsa nova. Ela está sempre com a mesma, e se não gostar poderá sempre passar adiante.
Tudo depende, claro, se sua intenção é dar uma coisa que realmente faça prazer a quem recebe ou se tanto faz. A idéia, aliás, seria essa, mas ninguém está nem aí. Mas se você está, mais uma sugestão: produtos para a cozinha.
Existem azeites importados sofisticadíssimos, com aroma de trufas e de especiarias que a gente nem imagina; se você achar que é pouco, faça um kit com um de cada. Vá por mim: será um sucesso, e a cada vez que a garrafa chegar à mesa, a pessoa vai se lembrar de você. Muito melhor do que uma echarpe de seda pura de oncinha, não?
Esse campo é vasto, e uma bela caixa com três quilos de bacalhau daquele maravilhoso será muito bem recebida em qualquer casa, sobretudo se chegar até o dia 22. Muito melhor do que uma água de colônia, que vai acabar sendo passada adiante, se não for aquela que você adora.
E se você estiver mesmo muito sem grana e tiver coragem para ser muito, mas muito original, compre uma cestinha daquelas que não custam na-da, vá à feira e volte carregada. Quem não gostaria de receber, em qualquer época do ano, uma cesta com algumas mangas, umas frutas do conde, dois abacaxis (que estão um mel, de tão doces) e uns cajus maduros?
Qualquer pessoa, de qualquer classe social, ficaria feliz com um presente desses -que, aliás, custaria uma fortuna se comprado em Paris.
É hora de descobrir o glamour nas coisas mais simples, o que aliás não é assim tão fácil.
Mas vale a pena.

E-mail - danuza.leao@uol.com.br


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