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Ladrões enfeitaram a casa para o Natal
Casal vivia com um bebê em imóvel usado como base para furto milionário; para vizinhos, imóvel passava por reforma
Polícia rastreia câmeras de prédios residenciais e de comércios de Pirituba para
tentar descobrir imagens de ladrões da Transnacional
DA REPORTAGEM LOCAL
A casa simples usada pelos
ladrões para escavar o túnel de
100 metros até o cofre da
Transnacional Transporte de
Valores e Segurança Patrimonial Ltda., em Pirituba (zona
norte de São Paulo), parecia estar constantemente em reforma, segundo os vizinhos.
Recentemente, dizem, chegou a ser enfeitada para o Natal
(uma pequena árvore iluminada na entrada do imóvel) pelo
casal que lá vivia com um bebê.
A casa tem sala, cozinha, banheiro e dois quartos.
Para evitar que os vizinhos
vissem os inúmeros sacos com
a terra retirada do túnel, o casal
os armazenava nos fundos da
casa, sempre tentando passar a
impressão de que aterrava a
parte baixa do terreno. Uma telha foi improvisada pelos ladrões para tentar impedir a visão de uma das laterais da casa.
A outra parte dos sacos com a
terra retirada era usada para
escorar o túnel, que tinha 1 metro de altura por 1 metro de largura, segundo peritos que vistoriaram ontem o buraco.
O casal quase sempre tinha a
companhia de mais duas pessoas, que se passavam por pedreiro e doméstica e se apresentavam aos vizinhos como
Fábio e Amanda.
Enfermeira
No plano dos ladrões, a dona
da casa era enfermeira e, assim
como seu suposto marido, era
bastante reservada. Ela sempre
deixava o imóvel vestindo roupas brancas e raramente puxava conversa com os outros moradores da rua José Mascaro.
Assim que a polícia descobriu
que o túnel partia da residência
em direção ao cofre da Transnacional, os investigadores
passaram o dia fazendo o caminho inverso dos documentos
sobre a venda do imóvel e também tentando descobrir quem
é Marcelo Mendes Mitsui, cuja
identidade foi usada para a
aquisição da casa.
A polícia também está atrás
de imagens dos circuitos de segurança de prédios residenciais
e de estabelecimentos comerciais da região de Pirituba para
tentar ver se existe algum registro das quatro pessoas que ficavam na casa.
Uma das poucas pistas para
tentar localizar os ladrões é um
carro (um Fiat Doblò) constantemente visto na residência de
onde partiu o túnel.
Outra frente da polícia é rastrear criminosos que passaram
pelo sistema prisional paulista
e estiveram envolvidos em fugas ocorridas por meio de túneis, principalmente na Penitenciária do Estado e na extinta
Casa de Detenção, no Complexo do Carandiru (zona norte).
Em outubro de 2004, oito ladrões com máscaras de lobisomem, macaco e palhaço usaram um túnel de 86 metros
-cavado com a ajuda de criminosos que aprenderam a técnica na prisão- para roubar R$
4,7 milhões da transportadora
de valores Transbank, na Penha (zona leste).
(ANDRÉ CARAMANTE)
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