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Falsa oferta de emprego nos EUA lesa 9.000
11 pessoas foram presas em 4 Estados acusadas de integrar quadrilha que cobrava de R$ 10 mil a R$ 15 mil de brasileiros
Quando os brasileiros chegavam aos EUA, não havia nenhum trabalho; esquema movimentou R$ 90 mi em 7 anos, afirma Promotoria
AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público do Estado e o consulado americano
em São Paulo desmontaram
ontem um esquema que fez
cerca de 9.000 vítimas e movimentou algo em torno de R$ 90
milhões nos últimos sete anos.
A fraude funcionava da seguinte maneira: brasileiros pagavam entre R$ 10 mil e R$ 15
mil a agências de empregos no
Brasil para trabalhar em hotéis,
restaurantes e indústrias nos
Estados Unidos pelo período
de nove meses; lá chegando,
não havia nenhum trabalho e
eles dependiam da ajuda de parentes e amigos para voltar.
Como nem todas as vítimas
do esquema tinham dinheiro
suficiente, muitos passavam a
viver ilegalmente, mendigando
em solo americano.
As investigações começaram
no ano passado. Até o fechamento desta edição, 11 pessoas
tinham sido presas em quatro
Estados (São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Cataraina)
sob a acusação de estelionato e
formação de quadrilha.
Outros sete suspeitos continuavam foragidos no Brasil e
nos Estados Unidos.
A promotora Aline Zavaglia
Alves, do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial contra o Crime Organizado) de Guarulhos,
na Grande São Paulo, suspeita
que a quadrilha também atue
em outros cinco países: Rússia,
República Dominicana, Filipinas, Romênia e Emirados Árabes Unidos.
Detalhes
A fraude consistia na falsificação de documentos e na venda de falsas vagas de trabalho.
Um advogado que intermediava a contratação de estrangeiros recebia de um hotel o pedido de 50 funcionários. O intermediário, que era membro da quadrilha, falsificava o documento do hotel e enviava ao governo americano solicitação de autorização para contratar 200 trabalhadores. Ele a obtinha.
No Brasil, as agências vendiam os pacotes de trabalho para 1.000 pessoas por até R$ 15
mil. O consulado concedia 200 vistos. Ao chegar nos EUA, 150 pessoas que pensavam estar
empregadas ficavam sem trabalho, dormindo no chão de alojamentos e sem dinheiro.
Os outros 800 que tiveram os vistos indeferidos também foram lesados, pois não receberam de volta o dinheiro pago às agências, conforme a denúncia.
O esquema era comandado,
no Brasil, por Márcio de Castro
Ferreira, Alexandre Fernandes
e Valquiria Dozzi Batalha, segundo integrantes do Ministério Público Estadual.
Só Ferreira foi preso; os outros suspeitos estão foragidos.
Os três tinham ao menos 20
agências. Entre as mais conhecidos estão Work USA, Job
USA, TWSO e Job Express. Todas já foram fechadas.
Ontem, a Folha não localizou
os advogados de Batalha e Dozzi. Os de Ferreira não atenderam aos telefonemas.
Nos EUA, dois advogados
americanos conduziam o grupo. Eles não foram presos. Ontem, houve busca do escritório
deles em Orlando -coube à
Promotoria local a investigação
O Gaeco pediu à Justiça o
bloqueio dos bens dos envolvidos para ressarcir as vítimas.
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