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Sem obra, Roosevelt voltou a ser violenta, dizem comerciantes
Reforma tocada pela prefeitura deveria estar concluída há dois anos, mas revisão dos projetos adia término para 2012
Para lojistas, abandono da obra agravou a degradação da região e fez aumentar a criminalidade; migração de viciados também é criticada
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
"São roubos, mortes. Isto
aqui está voltando a ser como
há 13, 14 anos", diz Renato Orbetelli, 62, dono da barbearia e
charutaria Diplomat, há 41
anos na praça Roosevelt, ao comentar a tentativa de assalto ao
bar do Espaço Parlapatões, no
sábado, quando o dramaturgo
Mário Bortolotto e o desenhista Carcarah foram baleados.
Com tanto tempo de praça,
ele viveu a época em que o local
era um conhecido reduto de
drogas e de prostituição, passou pela recuperação da área
promovida pela chegada dos
teatros e ouviu com entusiasmo os planos da prefeitura de
tornar os 18.000 m2 de concreto em uma praça de verdade.
Mas o espaço que, pelo projeto da administração municipal,
já deveria estar repleto de árvores há quase dois anos, tornou-se ainda mais degradado depois de a prefeitura ter iniciado
sua "requalificação" da área.
O primeiro passo da prefeitura foi demolir um supermercado (no meio de 2007) e uma
escola municipal (no início de
2008) que funcionavam sob o
"pentágono", estrutura de concreto que cobre parte da praça.
Mas as mudanças pararam
por aí. A Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) diz que
a demora se deve a alterações
no projeto para aprovação do
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento), que bancará 85% da obra, e a consultas
públicas feitas a moradores da
região. Agora, a reforma só deverá acabar em 2012.
No lugar dos dois prédios sobrou um vão, que se tornou
abrigo para moradores de rua e
usuários de drogas. Nos últimos meses, com as operações
da prefeitura e da polícia na
cracolândia, também no centro, viciados em crack migraram para a região.
Comerciantes afirmam que a
criminalidade tem aumentado.
"Um homem entrou aqui armado e tivemos que dar todo o
dinheiro", conta Sueli Cirelli,
dona de um pet-shop. "Há um
ano, pegaram um senhor aqui
dentro e o encheram de coronhadas para roubar", diz Orbetelli, o dono da charutaria. "Daqui já furtaram vasos e flores",
afirma a vendedora Cláudia
dos Santos, 31, da Alcas Flores.
Segundo a Polícia Militar, de
janeiro a outubro deste ano, foram apreendidas 12 armas de
fogo e 185 pessoas foram presas
em flagrante na região. A Folha apurou que o número de
furtos na região do distrito da
Consolação, onde fica a praça,
aumentou quase 10% no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2008
- foi de 1.007 para 1.104. O aumento na cidade, no período,
foi de 6%. O número de roubos,
entretanto, teve uma ligeira
queda: foi de 396 para 390.
Moradores acreditam que
haja subnotificação. "As pessoas não procuram a delegacia.
Aí a polícia diz que não há registros que justifiquem um policiamento ostensivo. Mas o problema é justamente esse: não
há policiamento aqui", diz André Bogdan, síndico do prédio
onde fica o Espaço Parlapatões.
Aos pés da Roosevelt, há um
batalhão da PM e outro da
GCM (Guarda Civil Metropolitana). Na base da GCM há cinco
carros e 160 guardas para cobrir uma área que abrange,
além da praça, a avenida Paulista, a rua Vergueiro, o parque da
Aclimação e a Liberdade. A
guarda diz que faz cinco rondas
diárias na praça. A PM diz que
tem uma base móvel na região.
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