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Ministro diz que recurso é provável
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou
ontem que é provável que o governo recorra da decisão da Justiça Federal de Mato Grosso que
determinou a identificação dos
americanos que chegam ao Brasil.
O recurso, se confirmado, não
será apresentado com o intuito de
suspender o fichamento dos americanos, mas para questionar a
competência do Judiciário em deliberar sobre questões relativas a
política externa.
Amorim sinalizou, mais uma
vez, que o governo pensa em
manter a identificação dos americanos caso os EUA insistam em
exigir o mesmo dos cidadãos brasileiros. "O princípio da reciprocidade não é para tratar mal ninguém. [...] É para que nos tratem
bem. Um estímulo para que sejamos bem tratados", disse Amorim, ao justificar a identificação
de viajantes americanos.
Segundo Amorim, o Brasil tem
condições de atender as exigências de segurança dos norte-americanos sem precisar que seus cidadãos sejam fichados nos postos
de imigração dos Estados Unidos.
O ministro afirmou que o país
está disposto a mudar seu sistema
de passaporte para torná-lo mais
seguro. No novo modelo, que custaria cerca de R$ 1 bilhão para ser
implementado, constariam a impressão digital e características
biométricas da pessoa.
"Se a razão principal é segurança, poderia ter sido feito com o
Brasil o que foi feito com outros
países: um prazo para que o passaporte fosse adequado."
Em Washington, o secretário de
Estado norte-americano, Colin
Powell, disse que falou ao ministro brasileiro, na terça-feira, que o
caso vai ser superado: "Isso não
deve servir de base para um problema maior entre Estados Unidos e Brasil", teria dito Powell.
Cancelamento
Mais um grupo cancelou uma
viagem após a obrigatoriedade de
identificação de americanos no
país. Anteontem, 80 turistas de
uma empresa espanhola, que ficariam uma semana no hotel Portobello, em Mangaratiba (litoral sul
do Rio), desistiram da viagem.
O diretor da operadora de turismo Travel Brand, Horácio Lentas,
disse que recebeu um e-mail
anunciando o cancelamento. Segundo ele, os americanos, que
eram metade do grupo, estariam
desistindo da viagem por causa da
exigência de tirar fotos e deixar a
impressão digital. O cancelamento da estadia (9 a 16 de fevereiro)
foi confirmado pelo hotel.
O vice-presidente da Abav (Associação Brasileira de Agentes de
Viagens), Carlos Alberto Ferreira,
disse não ter sido informado de
nenhuma desistência em virtude
da medida.
Com a France Presse
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