|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empresa bloqueia YouTube após decisão pró-Cicarelli
Decisão da Brasil Telecom afeta 5,5 milhões de clientes dos provedores IG, Ibest e BrTurbo
Telefônica também diz que recebeu ofício judicial com a ordem e proibirá o acesso à página; juiz diz que pode ter havido um engano no texto
CONSTANÇA TATSCH
DA REPORTAGEM LOCAL
A Brasil Telecom bloqueou
na última sexta o acesso dos internautas brasileiros ao site
YouTube. A Telefônica prometia fazer o mesmo ainda ontem,
em razão da decisão judicial
que proíbe a exibição do vídeo
em que a modelo Daniela Cicarelli e o namorado, Renato Malzoni Filho, aparecem trocando
carícias em uma praia espanhola em setembro de 2006.
A medida já afetou pelo menos 5,5 milhões de clientes dos
três provedores de acesso da
Brasil Telecom (IG, Ibest e
BrTurbo), de acordo com a
companhia, que presta também serviço de provedor de
acesso a outras empresas.
Na semana passada, foi divulgada uma decisão do desembargador Ênio Santarelli Zuliani, do Tribunal de Justiça de
São Paulo, que exigia o bloqueio apenas do vídeo do casal,
atendendo a uma solicitação do
namorado da modelo.
De acordo com a assessoria
do tribunal, Zuliani confirmou
que sua intenção não é impedir
o acesso à página.
As operadoras, porém, receberam no final da semana passada ofício expedido pela 23ª
Vara Cível que pede "o bloqueio
do site www.youtube.com, da
co-ré Youtube Inc, aos internautas brasileiros". Em entrevista à Folha, o juiz responsável, Lincon Antônio Andrade
de Moura, não descarta a possibilidade de que tenha ocorrido
um equívoco.
"O ofício tem por finalidade
apenas cumprir a ordem do desembargador, dr. Ênio. Só isso.
Se realmente existe essa questão quanto a não ter saído nos
exatos termos que o desembargador determinou, isso tem
que ser corrigido imediatamente. Não há de ser nada,
amanhã [hoje] mesmo vou pedir que esses autos retornem
para mim para que haja conferência do teor do ofício."
Pela decisão do desembargador, o juiz de primeira instância deveria oficiar às empresas
para promover a restrição do
acesso ao vídeo.
O problema é que, segundo
especialistas ouvidos pela Folha, é quase impossível bloquear o vídeo, já que eles são
disponibilizados na rede pelos
próprios usuários. "É mais fácil
bloquear tudo", diz o advogado
Renato Opice Blum.
A Telefônica afirmou que
"recebeu o ofício determinando o bloqueio ao acesso do site
por todos os provedores de internet que utilizam a rede da
empresa no Brasil. A empresa
esclarece que cumpre a ordem
da Justiça e que atendeu à decisão a partir de hoje [ontem]".
De acordo com o perito Paulo
Cesar Breim -responsável pelo laudo que embasou a decisão
do desembargador-, são oito
empresas (as que hospedam a
extensão .com) no país que devem ser comunicadas, entre
elas a Brasil Telecom, a Telefônica, a Embratel, a Global Crossing e a Impsate.
Breim afirma que o laudo foi
feito visando à retirada de um
site com extensão .com e não de
um vídeo específico.
A decisão revoltou diversos
internautas que discutiam, na
página BR-Linux, formas de
burlar esse bloqueio. A notícia
também chegou ao exterior e
foi destaque nos sites do jornal
"The New York Times" e da rede de televisão CNN.
Procurada, a Google, empresa responsável pelo site, não
quis se manifestar.
Colaborou ROGÉRIO PAGNAN, da Reportagem Local
Texto Anterior: Comandante de controle aéreo é substituído Próximo Texto: Rara, gravidez natural de quíntuplos causa surpresa Índice
|