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Vizinhas de bares com caça-níquel, 16 delegacias de SP ignoram a lei
No 66º DP, jogo ilegal pode ser visto da cadeira do delegado plantonista
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao menos 16 das 93 delegacias de polícia da cidade de São
Paulo têm na sua porta ou a
menos de 200 metros estabelecimentos comerciais que exploram caça-níqueis, o que é
uma atividade ilegal, segundo a
própria polícia.
Em alguns casos, como no
66º DP (Aricanduva), na zona
leste, da cadeira do delegado
plantonista é possível ver o funcionamento de uma máquina,
sem nenhuma ação da polícia.
Nos dias 19 e 20 de dezembro
e no dia 4 deste mês, a Folha
esteve em 21 (11 na zona norte e
10 na zona leste) distritos. Apenas cinco deles não tinham máquinas no seu entorno.
Localizado na zona norte, o
40º DP (Vila Santa Maria), por
exemplo, pode ser considerado
uma "ilha" cercada por bares e
restaurantes que, além de bebida alcoólica e comida, também
oferecem as máquinas aos seus
freqüentadores.
O 40º DP é cercado por duas
grandes avenidas. A Gaspar
Vaz da Cunha tem quatro bares
com as máquinas, todos eles localizados no mesmo quarteirão
da delegacia.
O bar instalado na porta da
delegacia, no nº 70 dessa avenida e bastante freqüentado por
policiais civis e militares, nos
dias 19 e 20 do mês passado tinha um caça-níquel em atividade. Após a Secretaria da Segurança Pública ter sido procurada pela Folha, a máquina foi
retirada do local.
Outra delegacia que está
"ilhada" por caça-níqueis é o
21º DP (Vila Matilde), na região
leste da capital. Na mesma calçada do distrito policial está a
doceria Lua de Cristal e, dentro
dela, várias máquinas.
Na avenida Nagib Farah Maluf, onde estão a sede da 7ª Seccional e o 103º DP (Cohab 2),
existem alguns locais que se
mantém somente com a exploração das máquinas ilegais.
Atividade ilegal
O caça-níquel é considerado
uma atividade ilegal pela polícia, que o qualifica como jogo
de azar. O Código Penal define
o que se enquadra nesse termo,
mas não cita nominalmente o
termo "caça-níquel".
Nos últimos anos, por causa
da brecha, exploradores da atividade conseguiram liminares
para manter a atividade.
No último dia 2, entrou em
vigor no Estado de São Paulo
uma lei que proíbe a exploração
e o depósito dos caça-níqueis.
Essa lei cita especificamente a
atividade. Nesse mesmo dia, o
STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou liminares obtidas
por comerciantes.
Denúncia
Sob a condição de anonimato, dois comerciantes disseram
que as máquinas mantidas por
eles são exploradas por pessoas
ligadas às forças de segurança.
Segundo eles, cada máquina
tem um selo de identificação.
Nessa marca, em alguns casos,
está um código que identifica o
agente das forças de segurança
que é responsável por fazer o
"recolhe", ou seja, passar de
tempos em tempos no comércio para abri-la e retirar o lucro.
Em casos mais extremos,
existe até um número de celular nessa marca. "Para casos de
emergência em que apareça alguém querendo abrir a máquina e que não conhecemos", disse um comerciante.
"Você acha que iríamos colocar essas coisas [as máquinas]
sem que alguém dos homens
estivesse nos dando garantia?"
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