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Polícia destrói fortaleza do tráfico em morro do Rio
Operação apreendeu 1 t de maconha, além de cocaína e de pedras de crack
Segundo a polícia, em represália à operação, um grupo de traficantes seqüestrou e incendiou um ônibus na região da favela
MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO
Um muro de 15 metros de
largura por 3 metros de altura
-usado como posição de tiro e
de defesa de traficantes- foi localizado e destruído ontem, no
morro da Mangueira, zona norte do Rio, durante operação da
Polícia Civil.
A edificação lembra uma fortaleza erguida com argamassa e
estruturas de ferro com várias
janelas para a observação e para colocar as armas. Dela, os
criminosos observavam a movimentação no morro e nas
ruas de acesso e atiravam contra policiais e rivais. Segundo a
polícia, traficantes incendiaram um ônibus em reação à
destruição do muro.
A Operação Carnaval, como
foi batizada, contou com 280
homens e tinha por objetivo
cumprir nove mandados de prisão. A polícia encontrou ainda
um local chamado "forno de
microondas", usado para incinerar corpos, e vários crânios
em um cemitério clandestino.
Dos nove mandados de prisão, dois eram para pessoas que
já estavam presas. Os demais
não foram localizados.
Entre eles está Francisco
Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, também conhecido como Francisco do Pagode. Ele é
um dos autores do samba-enredo vencedor para o carnaval da
escola de samba Estação Primeira de Mangueira de 2008.
Na chegada da polícia, houve
troca de tiros. Um homem não
identificado ficou ferido e fugiu. Quatro pessoas foram presas e nove detidas, entre elas
um garoto de 10 anos.
A polícia apreendeu uma tonelada de maconha, além de
um fuzil com mira a laser, uma
pistola, uma granada, dez motos, um carro roubado, um radiotransmissor, talões de cheque, cocaína e pedras de crack
embaladas com a inscrição "O
melhor crack do mundo Ronaldinho Gaúcho". A maconha foi
encontrada em um barraco e
seria embalada para a venda.
A reação do tráfico à ação começou por volta das 10h. Um
grupo de dez homens armados
com fuzis e pistolas seqüestrou
um ônibus na região da favela.
Os criminosos ordenaram que
todos os passageiros -mais de
30 pessoas, incluindo idosos e
crianças- descessem.
Eles também obrigaram o
motorista, que ficou dez minutos com uma pistola apontada
para sua cabeça, a atravessar o
veículo em uma rua.
Após a manobra, o ônibus foi
incendiado, provocando a interdição da via por mais de duas
horas. Ninguém ficou ferido.
Parte do comércio local fechou,
e motoristas assustados voltaram dando marcha à ré.
Mangueira
Para a polícia, Tuchinha, em
liberdade condicional, controla
o tráfico de drogas no morro da
Mangueira. Em 2006, após
cumprir 17 dos 40 anos de sua
condenação por homicídio, assalto e tráfico, ele voltou a morar no morro. Além de compor
sambas-enredo, trabalha como
vendedor de uma loja de tintas.
Agentes da 17ª DP (São Cristóvão) afirmam que escutas telefônicas autorizadas pela Justiça apontam envolvimento do
ex-presidiário com o tráfico.
"As gravações mostram que
Tuchinha continua à frente da
quadrilha apesar de ainda cumprir sua pena em liberdade condicional. Agora ele é foragido",
disse o inspetor Marco Antônio
Carvalho, um dos coordenadores da operação.
Outro procurado pela polícia
na ação é o traficante Marcelo
da Silva Leandro, o Marcelinho
Niterói, que estaria refugiado
na Mangueira. Ele é apontado
como atual líder da quadrilha
do traficante Luiz Fernando da
Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que está preso.
Em dezembro, a Polícia Federal desarticulou parte da
quadrilha de Beira-Mar e prendeu sua mulher, Jacqueline Alcântara de Moraes, acusada de
liderar a quadrilha junto com
Marcelinho Niterói.
A 17ª DP também investiga
uma denúncia do sambista Ivo
Meireles, ex-diretor de bateria
da escola de samba Mangueira.
Ele afirma que está sendo
ameaçado pelos traficantes do
morro porque, no fim do ano
passado, mostrou para fotógrafos uma suposta rota de fuga na
quadra com ligação direta para
o morro.
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