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Zenilda Brito, a distribuidora de Bíblias
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Zenilda de Souza Brito teria vivido 86 anos de uma vida comum -teve quatro filhos, 10 netos e uma bisneta,
em um sólido casamento religioso- não fosse o fato de
ter sido uma das primeiras
pastoras do Brasil, na igreja
que ela própria fundou.
Nasceu em Conservatória
(RJ), "capital mundial da seresta", onde placas metálicas
comprovam que há "em toda
casa uma canção". Mas ela se
apaixonou por um carioca,
que de seresta não entendia,
mas a levou para o Rio.
Aprovada em concurso público, Zenilda virou funcionária do Incra carioca, de onde só saiu aposentada.
"Evangélica desde sempre",
vivia uma calma vida de casada. Mas um dia o cunhado
começou a ter "surtos espirituais" e uma visita do casal
"levando a palavra de Deus"
o teria curado. Do dia de fé à
fundação da Igreja Missionária Evangélica Maranata, em
1963, foi um passo.
Lá a "pastora Zenilda"
aconselhava fiéis e pastores
mais jovens, apesar de só ter
sido oficializada como pastora em 1997. "Os homens têm
dificuldade de aceitar o ministério feminino", confessa
o filho, para quem ela era
uma "distribuidora de bíblias", além de vice-presidente da diretoria da igreja.
Há três anos ela descobriu
um câncer nos rins, e os médicos não lhe deram seis meses de vida. Mas há até duas
semanas ela continuava a
freqüentar a igreja. Morreu
anteontem, no Rio, por falência múltipla dos órgãos.
Em seu jazigo, traduziram
sua vida mandando escrever:
"leia a Bíblia".
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