São Paulo, quarta-feira, 09 de janeiro de 2008

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Zenilda Brito, a distribuidora de Bíblias

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Zenilda de Souza Brito teria vivido 86 anos de uma vida comum -teve quatro filhos, 10 netos e uma bisneta, em um sólido casamento religioso- não fosse o fato de ter sido uma das primeiras pastoras do Brasil, na igreja que ela própria fundou.
Nasceu em Conservatória (RJ), "capital mundial da seresta", onde placas metálicas comprovam que há "em toda casa uma canção". Mas ela se apaixonou por um carioca, que de seresta não entendia, mas a levou para o Rio.
Aprovada em concurso público, Zenilda virou funcionária do Incra carioca, de onde só saiu aposentada. "Evangélica desde sempre", vivia uma calma vida de casada. Mas um dia o cunhado começou a ter "surtos espirituais" e uma visita do casal "levando a palavra de Deus" o teria curado. Do dia de fé à fundação da Igreja Missionária Evangélica Maranata, em 1963, foi um passo.
Lá a "pastora Zenilda" aconselhava fiéis e pastores mais jovens, apesar de só ter sido oficializada como pastora em 1997. "Os homens têm dificuldade de aceitar o ministério feminino", confessa o filho, para quem ela era uma "distribuidora de bíblias", além de vice-presidente da diretoria da igreja.
Há três anos ela descobriu um câncer nos rins, e os médicos não lhe deram seis meses de vida. Mas há até duas semanas ela continuava a freqüentar a igreja. Morreu anteontem, no Rio, por falência múltipla dos órgãos. Em seu jazigo, traduziram sua vida mandando escrever: "leia a Bíblia".


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