|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Penetras dão golpe do sócio temporário no Clube Paulistano
Mesmo morando em SP, filhos de sócios apresentam comprovante de residência de outras cidades para usar as dependências no verão
Outra forma de burlar regras é dar carteirada de outros clubes conveniados; diretoria diz que recadastramento diminuiu as fraudes
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O famoso "jeitinho brasileiro" entrou neste verão nas piscinas do Clube Paulistano, reduto da elite endinheirada de
São Paulo e um dos círculos
mais fechados do bairro nobre
dos Jardins (zona oeste).
Pelas regras do clube, filhos
de sócios que não moram em
São Paulo podem pedir uma
permissão provisória, mediante comprovação de residência,
para usarem o clube quando estiverem na cidade para visitar
seus familiares.
Os chamados "sócios temporários" têm de pagar uma taxa
equivalente ao triplo da mensalidade regular e podem usar todas as dependências do clube
pelo período de 60 dias, como
se fossem associados efetivos.
O golpe, no dizer dos sócios
enfurecidos, consiste na falsificação de comprovantes de residência. Filhos de associados
que não têm mais direito a usar
o clube porque atingiram a
maioridade também têm levado escrituras de casas de praia
ou aberturas de firmas de cidades em que se cobra menos ISS
para forjarem domicílio fora da
capital e, assim, burlarem as regras de uso do clube.
A diretoria descobriu o esquema e isso está dando uma
confusão danada. Uma operação abafa foi montada entre os
conselheiros para não vazar o
"escândalo" entre os sócios,
embora o assunto já tenha chegado às rodas de uísque.
"São os penetras de piscina.
Os sócios estão com muita raiva porque as quadras, a sauna, a
piscina, tudo fica mais lotado.
Virou um negócio, precisa ter
uma fiscalização. E isso só
acontece no verão, não existe
sócio temporário no inverno",
diz o sócio Marcelo A., que paga
R$ 543,64 de mensalidade -a
adesão custa R$ 180 mil.
"Essa história de sócio temporário também é usada como
pretexto de gente que diz que
vai comprar o título e que quer
testar o ambiente. Só que, depois do verão, desaparece e não
compra título nenhum", afirma
o engenheiro e associado Sergio C., que se diz contra a abertura para os temporários.
Outra forma de pular a cerca
do Paulistano é dar a carteirada
de outros clubes conveniados.
O benefício, no entanto, vale
para quem está de visita.
Só que muitos sócios do interior e de outros Estados passam
a morar em São Paulo, continuam a pagar a mensalidade
mais barata dos seus clubes de
origem e usam as dependências
e a estrutura do Paulistano.
"Só poderia usar uma vez,
durante um mês por ano. Tinha
de trazer uma carta do meu clube e fazer uma carteirinha provisória. Fui justamente na época do verão", diz a psicóloga Silvia G., que, embora já morasse
em São Paulo, usava o título de
um clube de São José do Rio
Preto para ter acesso ao Paulistano -depois, ela acabou se casando com um titular do clube
e virou dependente.
O Paulistano disse que um
recadastramento de todos os
9.800 títulos e cerca de 25 mil
sócios diminuiu as fraudes e as
falsificações no clube.
"Se não estiver em dia ou recadastrado, não tem acesso. Isso [falsificação] não existe
mais, mas já existiu no passado,
sim. Tomamos providências
para evitar isso", diz o diretor
Celso Marin Vergeiro.
Texto Anterior: Angra: Ministério Público investiga tragédia Próximo Texto: Frase Índice
|