São Paulo, sábado, 09 de janeiro de 2010

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Penetras dão golpe do sócio temporário no Clube Paulistano

Mesmo morando em SP, filhos de sócios apresentam comprovante de residência de outras cidades para usar as dependências no verão

Outra forma de burlar regras é dar carteirada de outros clubes conveniados; diretoria diz que recadastramento diminuiu as fraudes

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O famoso "jeitinho brasileiro" entrou neste verão nas piscinas do Clube Paulistano, reduto da elite endinheirada de São Paulo e um dos círculos mais fechados do bairro nobre dos Jardins (zona oeste).
Pelas regras do clube, filhos de sócios que não moram em São Paulo podem pedir uma permissão provisória, mediante comprovação de residência, para usarem o clube quando estiverem na cidade para visitar seus familiares.
Os chamados "sócios temporários" têm de pagar uma taxa equivalente ao triplo da mensalidade regular e podem usar todas as dependências do clube pelo período de 60 dias, como se fossem associados efetivos.
O golpe, no dizer dos sócios enfurecidos, consiste na falsificação de comprovantes de residência. Filhos de associados que não têm mais direito a usar o clube porque atingiram a maioridade também têm levado escrituras de casas de praia ou aberturas de firmas de cidades em que se cobra menos ISS para forjarem domicílio fora da capital e, assim, burlarem as regras de uso do clube.
A diretoria descobriu o esquema e isso está dando uma confusão danada. Uma operação abafa foi montada entre os conselheiros para não vazar o "escândalo" entre os sócios, embora o assunto já tenha chegado às rodas de uísque.
"São os penetras de piscina. Os sócios estão com muita raiva porque as quadras, a sauna, a piscina, tudo fica mais lotado. Virou um negócio, precisa ter uma fiscalização. E isso só acontece no verão, não existe sócio temporário no inverno", diz o sócio Marcelo A., que paga R$ 543,64 de mensalidade -a adesão custa R$ 180 mil.
"Essa história de sócio temporário também é usada como pretexto de gente que diz que vai comprar o título e que quer testar o ambiente. Só que, depois do verão, desaparece e não compra título nenhum", afirma o engenheiro e associado Sergio C., que se diz contra a abertura para os temporários.
Outra forma de pular a cerca do Paulistano é dar a carteirada de outros clubes conveniados. O benefício, no entanto, vale para quem está de visita.
Só que muitos sócios do interior e de outros Estados passam a morar em São Paulo, continuam a pagar a mensalidade mais barata dos seus clubes de origem e usam as dependências e a estrutura do Paulistano.
"Só poderia usar uma vez, durante um mês por ano. Tinha de trazer uma carta do meu clube e fazer uma carteirinha provisória. Fui justamente na época do verão", diz a psicóloga Silvia G., que, embora já morasse em São Paulo, usava o título de um clube de São José do Rio Preto para ter acesso ao Paulistano -depois, ela acabou se casando com um titular do clube e virou dependente.
O Paulistano disse que um recadastramento de todos os 9.800 títulos e cerca de 25 mil sócios diminuiu as fraudes e as falsificações no clube.
"Se não estiver em dia ou recadastrado, não tem acesso. Isso [falsificação] não existe mais, mas já existiu no passado, sim. Tomamos providências para evitar isso", diz o diretor Celso Marin Vergeiro.


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