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GUERRA URBANA
Polícia monta megaoperação temendo resgate por perueiros
Líder dos clandestinos se entrega e pede trégua
da Reportagem Local
Laércio Ezequiel dos Santos, líder dos perueiros clandestinos da
zona sul de São Paulo, se entregou
ontem à noite à polícia após passar 11 dias foragido. Ao chegar ao
98º DP, onde está preso, Santos
pediu o fim da violência entre perueiros e fiscais, contrariando tudo o que havia dito até então.
"Peço a toda a categoria de perueiros da Grande São Paulo que
empunhe a bandeira da paz. A
violência só gera mais violência.
Estou arrependido da declaração
que fiz em um momento de burrice", declarou o perueiro. "Tenho
que arcar com o que faço e falo,
mas tenho certeza que irei provar
minha inocência."
A declaração a qual Santos se refere foi feita há duas semanas, em
entrevista durante manifestação
de perueiros. Ele ameaçou incendiar os fiscais da prefeitura e carros da fiscalização.
Por conta da declaração, a polícia abriu um inquérito contra
Santos. Na sexta-feira, ele foi indiciado por incitação ao crime e formação de quadrilha e teve a prisão preventiva decretada.
Ontem pela manhã, após passar
11 dias foragido, o perueiro entrou em contato com o delegado
Antonio Ubirajara Olivieri e afirmou que se entregaria no final da
tarde. Por volta das 19h, com medo de uma manifestação de perueiros para resgatar Santos, a polícia interceptou o comboio que o
levava à delegacia.
Na rodovia dos Imigrantes, próximo à entrada de Diadema, Santos foi retirado da perua em que
estava e colocado em um carro da
polícia, usando um colete à prova
de balas. O traje de proteção foi
providenciado porque Santos alega ter sofrido 12 ameaças de morte na última semana.
A intercepção do carro do perueiro não foi a única medida da
"operação de guerra" traçada pela
polícia para a apresentação de
Santos. Desde o início da tarde,
perueiros e curiosos começaram a
se aglomerar na avenida Angelo
Cristianini, onde fica a delegacia.
No final da tarde, quando cerca
de 300 pessoas estavam reunidas,
a polícia prendeu um perueiro
que liderava a manifestação e
apreendeu faixas. Em seguida, o
local foi cercado por policiais civis
e militares de tropas de elite. Um
helicóptero passou a sobrevoar a
delegacia.
Quando Santos chegou, às
19h25, veio escoltado por oito carros do GOE (Grupo de Operações
Especiais da Polícia Civil).
Santos passaria a noite em uma
cela comum, com mais de 20 presos. Segundo o delegado Olivieri,
havia ontem nas quatro celas da
delegacia 95 presos, a maioria deles homicida e traficante.
Olivieri acredita que o perueiro
deva ser transferido hoje para outra delegacia com maior segurança. Temendo ações de perueiros,
ele fez um alerta: "Qualquer ato
radical de um amigo do Laércio,
como incêndios e agressões, poderá prejudicá-lo". O advogado
do perueiro, Gentil Camargo, entra na Justiça hoje com um pedido
de revogação da prisão.
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