São Paulo, quarta-feira, 09 de fevereiro de 2000


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GUERRA URBANA
Polícia monta megaoperação temendo resgate por perueiros
Líder dos clandestinos se entrega e pede trégua

da Reportagem Local

Laércio Ezequiel dos Santos, líder dos perueiros clandestinos da zona sul de São Paulo, se entregou ontem à noite à polícia após passar 11 dias foragido. Ao chegar ao 98º DP, onde está preso, Santos pediu o fim da violência entre perueiros e fiscais, contrariando tudo o que havia dito até então.
"Peço a toda a categoria de perueiros da Grande São Paulo que empunhe a bandeira da paz. A violência só gera mais violência. Estou arrependido da declaração que fiz em um momento de burrice", declarou o perueiro. "Tenho que arcar com o que faço e falo, mas tenho certeza que irei provar minha inocência."
A declaração a qual Santos se refere foi feita há duas semanas, em entrevista durante manifestação de perueiros. Ele ameaçou incendiar os fiscais da prefeitura e carros da fiscalização.
Por conta da declaração, a polícia abriu um inquérito contra Santos. Na sexta-feira, ele foi indiciado por incitação ao crime e formação de quadrilha e teve a prisão preventiva decretada.
Ontem pela manhã, após passar 11 dias foragido, o perueiro entrou em contato com o delegado Antonio Ubirajara Olivieri e afirmou que se entregaria no final da tarde. Por volta das 19h, com medo de uma manifestação de perueiros para resgatar Santos, a polícia interceptou o comboio que o levava à delegacia.
Na rodovia dos Imigrantes, próximo à entrada de Diadema, Santos foi retirado da perua em que estava e colocado em um carro da polícia, usando um colete à prova de balas. O traje de proteção foi providenciado porque Santos alega ter sofrido 12 ameaças de morte na última semana.
A intercepção do carro do perueiro não foi a única medida da "operação de guerra" traçada pela polícia para a apresentação de Santos. Desde o início da tarde, perueiros e curiosos começaram a se aglomerar na avenida Angelo Cristianini, onde fica a delegacia.
No final da tarde, quando cerca de 300 pessoas estavam reunidas, a polícia prendeu um perueiro que liderava a manifestação e apreendeu faixas. Em seguida, o local foi cercado por policiais civis e militares de tropas de elite. Um helicóptero passou a sobrevoar a delegacia.
Quando Santos chegou, às 19h25, veio escoltado por oito carros do GOE (Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil).
Santos passaria a noite em uma cela comum, com mais de 20 presos. Segundo o delegado Olivieri, havia ontem nas quatro celas da delegacia 95 presos, a maioria deles homicida e traficante.
Olivieri acredita que o perueiro deva ser transferido hoje para outra delegacia com maior segurança. Temendo ações de perueiros, ele fez um alerta: "Qualquer ato radical de um amigo do Laércio, como incêndios e agressões, poderá prejudicá-lo". O advogado do perueiro, Gentil Camargo, entra na Justiça hoje com um pedido de revogação da prisão.


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