São Paulo, segunda-feira, 09 de fevereiro de 2004

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LUTO

Segundo a instituição, preocupação do público com a segurança dos bichos também aparece em mensagens e ligações

Visitantes lamentam morte de animais no zoológico

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os visitantes que foram ao Zoológico de São Paulo ontem estavam indignados com a morte, por envenenamento, de dez animais -três chimpanzés, três dromedários, três antas e uma elefanta. "Foi uma judiação", resumiu o assistente fotográfico Igor Sobral Lima, que, com a mulher, Ana Carolina, levava os filhos Júlia, 5, e Iago, 2, para ver os bichos.
A matança foi tornada pública na sexta, quando a Fundação Zoológico fez boletim de ocorrência no 83º DP. As investigações vão tentar descobrir quem matou algumas das estrelas do lugar -e os motivos. O mais provável é que elas tenham sido mortas com um veneno de rato cuja comercialização é proibida no Brasil.
Desde anteontem, segundo a bióloga Fátima Valente Roberti, da Divisão de Ensino e Divulgação, a ouvidoria do zoológico recebeu nove e-mails e três telefonemas de usuários preocupados com a segurança dos animais.
O casal Ricardo Garcia e Magda Paula Gomes Garcia veio de Florianópolis, no sábado, para visitar amigos e ontem passeava pelo parque. "Não dá para entender quem faria uma coisa dessas", disse Magda. Eles souberam do caso ainda em Santa Catarina. A amiga Claudia Abdalla, que os acompanhava, destacou a solidão dos bichos e observou que a jaula dos chimpanzés estava vazia.
E realmente estava. Desde que o chimpanzé Felipe morreu, na madrugada de sexta-feira, os veterinários resolveram retirar Fafá do local "por questão de segurança". Antes de Felipe, já haviam morrido Toni e Nanci. "Pela primeira vez a jaula dos chimpanzés ficou vazia", disse a bióloga Roberti, que trabalha há 13 anos na instituição. O zoológico foi fundado em 1958 e tem 3.500 animais.
Roberti afirmou que os profissionais da instituição estão preocupados com os animais que restaram das espécies mortas. "Eles podem se sentir tristes, parar de se alimentar e não responder mais aos tratadores", avalia.
Essa solidão pode atingir, principalmente, a chimpanzé Fafá e a elefanta Teresita, que ficaram sozinhas depois que seus companheiros morreram, além do dromedário Laoviah -nome de um anjo-, que ficou órfão.
Na tarde de ontem, Teresita vagava de um lugar ao outro dentro de seu cercado. Baira, a sua companheira -que vivia desde 1971 no zoológico-, foi uma das vítimas. "O tratador da Baira, seu Vicente, está desconsolado. Ele tratava dela desde que a elefanta chegou aqui", disse a bióloga.



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