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VIOLÊNCIA
Foram presos seis policiais, que, segundo testemunha, forjaram prova para encobrir erro; acusados dizem ter reagido a tiros
PMs matam dentista apontado como ladrão
DO "AGORA"
Seis policiais militares foram
presos no final de semana pelo assassinato, na última terça, do dentista Flávio Ferreira Sant'Ana, de
28 anos, em Santana (zona norte
de São Paulo). Segundo a polícia,
a vítima foi confundida com um
ladrão durante uma abordagem.
Tudo começou quando o comerciante Antônio Alves dos Anjos, 29, declarou ter sido vítima de
um assalto e, acompanhado por
policiais, apontou Sant'Ana como
o bandido que havia levado seu
dinheiro momentos antes.
Os seis PMs, então, abordaram
o dentista, que, de acordo com os
policiais, estava com uma pistola
e reagiu a tiros. Dois deles atiraram sete vezes contra o dentista,
que foi atingido por dois disparos
e morreu.
Em seguida, ao ver o corpo caído no chão, o comerciante percebeu o engano. O grupo, então, teria decidido forjar uma prova, colocando a carteira da vítima do
roubo no bolso do dentista. Logo
depois, o corpo foi levado para o
pronto-socorro de Santana.
"Meu filho foi morto por ser negro. Foi puro preconceito", disse,
revoltado, o pai do dentista, o PM
aposentado Jonas Sant'Ana, 50.
Ameaça
Ao registrar o crime na delegacia, o comerciante e os PMs omitiram o erro na identificação do
suspeito. O boletim de ocorrência
foi registrado como resistência seguida de morte. Somente anteontem, Anjos decidiu voltar à delegacia e contar a verdade. Ele afirmou que foi ameaçado pelos seis
policiais militares.
A família do dentista conta que
ele saiu de casa, em Aricanduva
(zona leste), por volta das 23h30
de terça-feira para deixar sua namorada, que é suíça, no aeroporto
de Cumbica, em Guarulhos. Ele
dirigia o seu carro, um Gol verde.
Na volta para casa, porém, teria
alterado o trajeto por causa da
forte chuva e acabou na zona norte. Foi nesse momento, então, que
foi abordado pela polícia.
No dia seguinte, a família percorreu hospitais e prédios do IML
(Instituto Médico Legal), auxiliada por ex-colegas da faculdade
onde Sant'Ana se formou recentemente. O corpo foi encontrado
apenas na quinta-feira, no IML
Central. O dentista seria enterrado como indigente.
"Ele era o único negro da sala de
aula da universidade. Era alegre e
tinha medo da violência. Se estivesse escrito "eu sou dentista" em
sua testa, hoje ele estaria vivo",
afirmou o pai da vítima.
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