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NARCOTRÁFICO
Surfista de Florianópolis pode ser fuzilado no país da Ásia; ele foi preso sob acusação de transportar cocaína
Brasileiro é condenado à morte na Indonésia
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA
O surfista brasileiro Rodrigo
Gularte, 32, foi condenado à morte por fuzilamento pela Justiça da
Indonésia, acusado de tráfico internacional de drogas, em julgamento realizado anteontem pela
Corte Provincial de Tangerang (a
oeste da capital Jacarta).
Gularte foi preso no dia 31 de julho do ano passado, no aeroporto
de Jacarta, acusado de transportar
6 kg de cocaína escondidos em
pranchas de surfe.
Na ocasião, o surfista, que morava em Florianópolis (SC), assumiu a responsabilidade pela droga e isentou dois amigos que viajavam com ele.
Maior país muçulmano do
mundo, a Indonésia reprime com
severidade o tráfico de drogas. A
pena máxima é o fuzilamento. Se
for condenado, o réu tem duas
chances para tentar rever o julgamento, recorrendo em duas instâncias, processo que chega a durar dois anos.
Segundo a Embaixada do Brasil
no país asiático, a defesa de Gularte recorrerá da decisão à própria
Corte Provincial. Caso não obtenha sucesso, apelará à Corte Superior. Em último caso, ainda tentará formalizar um pedido de clemência ao governo indonésio.
A extradição do brasileiro não
foi possível porque a Indonésia
não figura na lista de países com
os quais o Brasil mantém acordo
de transferência de presos.
O Ministério das Relações Exteriores informou que o vice-cônsul
brasileiro na Indonésia acompanhou o julgamento e mantém
contato permanente com a família de Gularte desde a prisão.
A embaixada informou que
"tem prestado todo o apoio possível, recomendou advogados e está
atenta ao tratamento dado ao surfista". Afirmou, entretanto, que
não pode interferir na jurisdição
do país e que há, inclusive, um
aviso no aeroporto, alertando estrangeiros sobre o rigor da Justiça
local com o narcotráfico.
Na condição de não ser identificado pela reportagem, um funcionário da embaixada brasileira disse considerar irreversível a condenação de Gularte. "Há 20 anos estou aqui [na Indonésia] e jamais
vi a Corte aceitar um pedido de
clemência", disse, por telefone.
Em junho do ano passado, outro brasileiro, o instrutor de vôo
livre carioca Marco Archer Cardoso Moreira, 42, foi condenado à
morte na Indonésia por tráfico de
drogas. Ele foi flagrado com 13,4
kg de cocaína ao chegar ao aeroporto de Jacarta.
A mãe de Rodrigo, Clarisse
Muxfeldt Gularte, 59, que vive em
Curitiba, assistiu ao julgamento
na Indonésia. Em 2004, ela havia
passado 18 dias no país asiático,
acompanhada da sobrinha Angelita Muxfeldt e trouxe uma carta
do filho, na qual pedia perdão à
família pelo episódio.
À época, Clarisse Gularte visitou
diariamente o filho na prisão e, ao
desembarcar no Brasil, disse à Folha estar "mais tranqüila e confiante" de que, "mesmo demorando", seu filho iria "voltar a viver junto da família".
Ontem, os familiares de Gularte,
que vivem em Curitiba, não quiseram comentar o assunto. "Não
posso falar. Tudo está sendo
acompanhado pelo advogado da
família. Ele é quem tem autorização para falar sobre o caso", afirmou o irmão do surfista, Cássio.
A Folha tentou localizar durante toda a tarde de ontem, em Porto Alegre (RS), o advogado César
Augusto Gularte de Carvalho,
mas ele não foi encontrado no escritório nem no telefone celular.
Colaborou DIMITRI DO VALLE, da
Agência Folha, em Curitiba
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