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Professor quer extra por trabalho on-line
Remuneração por novos mecanismos, como blogs e Twitter, é a principal reivindicação na campanha salarial da rede particular em SP
Docentes dizem que tempo dedicado fora da sala de aula, antes restrito a preparação e correção, dobrou nos últimos anos com essas ferramentas
Leticia Moreira/Folha Imagem
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O professor de matemática Mario Abbondati na sala de informática do colégio Bandeirantes, onde prepara as aulas pela internet
FÁBIO TAKAHASHI
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O trabalho da professora Lígia não se resume mais a aulas,
correção de trabalho e aplicação de prova no curso de publicidade. Com a adoção de sistemas eletrônicos de aprendizagem em faculdades e colégios,
agora ela tem de criar conteúdo
exclusivo para os alunos seguirem na internet, publicar todas
as aulas e tirar dúvidas on-line.
"Fico em contato com alunos
até a meia-noite por meio dessas ferramentas. Sem ganhar
nada pelo trabalho extra", diz
ela, docente da Universidade
Mackenzie; ela prefere não ter
o nome verdadeiro divulgado.
A remuneração pelo trabalho
de alimentar os novos mecanismos tecnológicos utilizados na
educação (blogs, Twitter e plataformas como Moodle, em que
o aluno acessa conteúdos via
internet e conversa on-line
com professores) é a principal
reivindicação dos docentes da
rede particular na campanha
salarial deste ano em São Paulo.
Professores ouvidos pela reportagem dizem que o tempo
extraclasse exigido dobrou nos
últimos anos devido à introdução das novas ferramentas. Antes, eles apenas preparavam as
aulas e corrigiam trabalhos e
provas -atividades mantidas.
"Essa forma de aproximação
com os alunos, por meio da tecnologia, é fundamental. Mas o
professor deve ser remunerado", diz o presidente da Fepesp
(federação dos docentes da rede privada), Celso Napolitano.
A proposta da entidade é que
os professores, tanto do ensino
básico quanto do superior, ganhem hora extra por conta dessas atividades ou tenham um
tempo na jornada de trabalho
específico para esse fim.
A convenção atual da categoria prevê acréscimo de 5% no
salário docente para atividades
extraclasse, como preparação
de aulas ou correção de trabalhos. Mas não abrange a dedicação aos novos sistemas.
Professores e escolas começaram a negociar nesta semana
a reivindicação. Ainda não há
definição sobre esse ponto nem
para o pedido de reajuste salarial acima da inflação.
A média de remuneração na
rede privada no Estado é de R$
1.820 (no ensino médio) e R$
2.615 (no ensino superior) -os
valores, porém, são muito divergentes no sistema; alguns
colégios tops pagam mais de
cinco vezes esses valores; outros, bem menos que a média.
"As escolas afirmam que não
é obrigatório o uso das ferramentas. Mas isso é considerado
na hora de definir se o professor
ficará no próximo ano", diz um
docente do colégio Rio Branco.
Optativo
A diretora do Rio Branco, Esther Carvalho, diz que as ferramentas são, de fato, optativas.
"Mas quem não sabe o que são
está fora de seu tempo."
Aluno do colégio Bandeirantes, um dos pioneiros da utilização das tecnologias, Leonardo Maçan, 13, diz serem indispensáveis os meios virtuais. Ele
conversa diariamente com professores por e-mail. "Seria chato ter de esperar pela resposta."
Já o colega Dimitri Scripnic,
12, elogia uma plataforma virtual na qual os professores publicam o conteúdo da aula dada
no dia. "É mais fácil do que anotar no caderno. E ajuda para se
organizar para as provas."
O Semesp (sindicato das universidades particulares de SP),
o Sieeesp (sindicato das escolas
básicas privadas do Estado) e o
Instituto Mackenzie não se
manifestaram sobre o assunto.
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