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Armas foram roubadas pelo CV e não estão em morro, diz facção
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
A operação montada pelo Exército provocou a mobilização de líderes da facção criminosa CV
(Comando Vermelho) para que
as armas sejam entregues, segundo uma pessoa ligada à facção.
Segundo afirmou ontem à Folha, membros da facção foram os
autores do roubo e seus líderes os
estão pressionando a devolver as
armas, porque a venda de droga
está prejudicada. O assalto foi
uma tentativa do CV de recuperar
armamento -oito fuzis- perdido na frustrada invasão da Rocinha, em fevereiro.
Os dez fuzis e a pistola roubados, segundo relatado à Folha,
não estão em um morro, mas em
uma favela plana do Rio, em área
próxima ao quartel do Estabelecimento Central de Transporte, em
São Cristóvão (zona norte), de
onde foram levadas. As principais
favelas planas nessa área são
Manguinhos, Jacarezinho e Barreira do Vasco, todas dominadas
pelo CV. O Exército está em Manguinhos e em Jacarezinho.
"As armas já estão para aparecer. O prejuízo que a ação do
Exército está causando [ao tráfico
de drogas] já dava para comprar
muito mais do que dez fuzis", disse a pessoa, que deu entrevista sob
a condição de anonimato.
A intenção do Exército é justamente asfixiar o comércio de drogas para forçar o tráfico a entregar
o armamento. Segundo ele, o CV,
sem dinheiro, optou por uma
ação de risco para obter as armas.
Cada fuzil tem valor estimado em
R$ 15 mil. Outra conseqüência
identificada pela pessoa ouvida
pela Folha é a interrupção do contrabando de armas e drogas devido aos bloqueios do Exército nas
estradas de acesso ao Rio.
Parte da ação psicológica do
Exército, a distribuição de panfletos em toda a cidade, está tendo
efeito. Em locais cuja venda de
droga é dominada pelo CV, os criminosos têm medo de que venham a ser alvo da ação.
Se as armas de fato forem devolvidas em breve, será a repetição
do que já aconteceu em outras
ocasiões de roubos semelhantes
em unidades das Forças Armadas. Um desses casos foi em julho
de 2004, quando três fuzis foram
desviados do Museu Histórico do
Exército no Forte de Copacabana.
Três dias após 70 homens da Polícia do Exército ocuparem o Vidigal, os fuzis foram achados por
meio de denúncia anônima.
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