São Paulo, quinta-feira, 09 de março de 2006

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TRANSPORTE

Consultor de viações, parente de vice de Serra diz que ritmo lento da prefeitura para implantar projeto motiva crise

Irmão de Kassab defende empresa de ônibus

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise no transporte coletivo de São Paulo é motivada pela demora da prefeitura em implantar um projeto elaborado na gestão passada, com a construção de mais corredores e terminais de ônibus e remanejamento de trajetos.
A lentidão dessas ações por parte do governo José Serra (PSDB) tem afetado a produtividade das viações, que atrasam os salários.
A avaliação é de Pedro Kassab, consultor na área de transporte há mais de 20 anos. Ele é irmão do vice-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), que vai assumir a cidade se Serra sair como candidato à Presidência da República pelo PSDB neste ano.
Além de técnico do setor e irmão do vice-prefeito, Pedro Kassab presta serviços para parte das empresas de ônibus que confrontaram a gestão Serra nesta semana, pedindo a rescisão contratual.
Um consórcio do grupo Ruas, que controla mais de metade da frota, está entre os que utilizam seu trabalho de consultoria. Leia abaixo trechos da entrevista:

 

Folha - Qual é a razão da crise no transporte de São Paulo?
Pedro Kassab -
A causa é a não-implantação do projeto licitado na gestão passada. É algo que afeta a produtividade. As empresas de ônibus e os permissionários [perueiros] têm contratos que davam uma produtividade e operam hoje uma realidade diferente. O fundo da questão é esse.

Folha - O que não foi implantado?
Kassab -
O projeto consiste em que os microônibus dos permissionários alimentem os corredores de ônibus e façam algumas linhas locais. Esse projeto pressupõe a construção de alguns terminais a mais e alguns corredores a mais. Isso está evoluindo num ritmo mais lento do que deveria, causando um desequilíbrio. Os ônibus estão mal distribuídos na cidade. Existe uma solução que é um projeto que está aí e que só precisa ser implementado.

Folha - O que barra a implantação do projeto?
Kassab -
É uma questão de recursos, de continuar fazendo.

Folha - A gestão anterior chegou a construir corredores...
Kassab -
A atual gestão está fazendo um corredor na zona leste, em Cidade Tiradentes, não vou dizer que não está fazendo nada. É um primeiro ano de gestão, não quero criticar sem saber as prioridades da cidade, não é minha função. Mas, do ponto de vista de transporte, precisaria dar mais velocidade ao projeto que existe.

Folha - O fato de haver concentração do transporte em grandes grupos é ruim, bom ou tanto faz?
Kassab -
É indiferente. O outro sistema [dos perueiros], em que cada veículo tem um proprietário, também pára. Ninguém quer trabalhar com prejuízo. Quer sejam mais grupos ou menos grupos, há um custo, que, em tese, se não é coberto, os operadores reagem, não conseguem pagar as contas.
A concentração do setor não vai fazer diferença. As maiores paralisações foram por reivindicação salarial, e não por outro motivo. Não vejo grandes possibilidades de diferença de grupos menores ou maiores.

Folha - O sr. acredita que haveria mudança de prioridade na prefeitura se Serra sair candidato à Presidência e seu irmão assumir?
Kassab -
Eu realmente não sei. Meu perfil é muito técnico, da área operacional. Falar de transporte, tudo bem. Falar de Orçamento da prefeitura, estou absolutamente distante. Discutir se a cidade precisa de ônibus ou de educação não é a minha área.


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