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CRISE NO RIO
Ex-coordenador critica governador
Obsessão atropelou Garotinho, diz Soares
da Reportagem Local
O ex-coordenador de Segurança e Cidadania do Rio de Janeiro
Luiz Eduardo Soares afirmou anteontem que o projeto administrativo do governador Anthony
Garotinho (PDT) foi "atropelado
pela obsessão presidencial".
Segundo Soares, Garotinho tomou decisões motivado por "uma
ambição desenfreada, prematura
e imatura de se transformar, antes
de realizar seu governo, em presidente da República."
O ex-coordenador voltou a afirmar que o governador do Rio de
Janeiro foi antiético e usou dinheiro público para tentar desmoralizá-lo com campanhas publicitárias. "Nós sabemos que a
máquina do Estado pode comprar popularidade, mas eu duvido que recupere a credibilidade",
disse Soares.
As declarações foram dadas ao
"Programa do Jô", da Rede Globo. Soares e sua mulher, Bárbara,
foram entrevistados de Nova
York, onde vivem atualmente
com as filhas. O ex-coordenador
detonou a crise na polícia do Rio,
ao denunciar o que chamou de
"banda podre" da corporação.
Soares afirmou que, quando
candidato, Garotinho era "humilde, gostava muito de ouvir e
aprender e era muito generoso".
Hoje ele vê o governador como
uma pessoa arrogante. "O poder é
capaz de operar grandes transformações", disse.
Questionado sobre os motivos
que o levaram a fazer as denúncias de corrupção, Soares respondeu que "era preciso dizer que o
rei estava nu". Para ele, existem
duas maneiras de lidar com a corrupção envolvendo policiais. "O
método que eu defendo é o do
confronto radical", afirmou.
Segundo ele, um outro método
é o da conciliação e da aliança, que
"nunca deu certo".
Soares e sua mulher afirmaram
que vêm passando por uma difícil
adaptação à vida nos EUA. Apesar disso, acham que nada foi em
vão. "Talvez possamos mudar o
patamar do debate sobre segurança pública." Para Soares, é a
democracia que está em jogo.
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