|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Entidade está com 2 diretorias
Disputa de poder divide Academia de Medicina
DA REPORTAGEM LOCAL
Os integrantes da Academia de
Medicina de São Paulo, a mais antiga agremiação cultural médica
paulista, estão divididos por disputas em torno da escolha dos
seus diretores.
Desde o último dia 7 de março,
a academia, fundada em março
de 1895, está com duas diretorias.
Uma delas, eleita dois anos atrás
e presidida pelo anátomo-patologista Luiz Celso Mattosinho França, acredita ter mandato válido
até o próximo dia 14.
A outra, escolhida numa assembléia em fevereiro e comandada
pelo cirurgião vascular Salvador
José de Toledo Arruda Amato, tomou posse em 7 de março.
Arruda Amato era vice da gestão de Mattosinho e, pela tradição
da academia, se torna automaticamente presidente no período
2001-2003. Pelo estatuto, o vice é
considerado presidente eleito.
A assembléia que escolheu a nova diretoria foi convocada pelo
então secretário-geral, o psiquiatra forense Guido Arturo Palomba, que acabou eleito vice-presidente (ou "presidente eleito" para
a próxima gestão).
"O único que pode convocar
uma assembléia para eleição é o
presidente da academia", diz o
dermatologista e acadêmico Sebastião Sampaio. "Essa eleição
não foi legítima."
Arruda Amato diz que a convocação só foi feita por Palomba
porque o então presidente Mattosinho não compareceu à reunião.
Diz também que a posse sempre
se dá no dia 7 de março, data da
criação da academia.
Os entreveros entre os grupos
começaram quando a diretoria de
Mattosinho passou a defender
mudanças nos estatutos que vigoram há mais de três décadas. Uma
assembléia elegeu uma comissão
para redigir um novo estatuto e
Sampaio passou a presidi-la.
A diretoria chefiada por Mattosinho entendeu que, enquanto se
aguardavam os trâmites para
aprovação do novo estatuto, a assembléia continuava soberana e
as eleições, suspensas. "Mas o outro grupo nos atropelou, realizando nova assembléia e elegendo
nova diretoria", diz Mattosinho.
Na sua opinião, um dos pomos
da discórdia era a reforma do estatuto, que pretendia acabar
"com o nepotismo dominante na
direção da academia".
Arruda Amato, por exemplo,
foi secretário-adjunto no período
97-98, quando sua mulher, Marisa Campos Moraes Amato, professora livre-docente de cardiologia da Faculdade de Medicina da
USP, era presidente. Marisa já tinha sido secretária-adjunta nos
períodos 91-92 e 93-94.
O pai de Marisa e sogro de Arruda Amato, Irany Novah Moraes,
professor-adjunto da medicina
da USP, ocupa cargos na diretoria
da academia desde 1975. Nas duas
gestões seguintes, ele foi do conselho científico.Em 79-80, foi secretário-geral, em 81-82, presidente-eleito (ou vice), e presidente nos dois anos seguintes. Nos
períodos posteriores, voltou a fazer parte do conselho científico.
Segundo Arruda Amato, a diretoria "é eleita em eleições livres
das quais todos os acadêmicos
podem participar".
Tradicionalmente, as academias reúnem um número limitado de "mestres consagrados" e
sua finalidade é doutrinar. No caso da Academia de Medicina de
São Paulo, são 200 titulares e cerca
de 140 eméritos. Quando um titular morre, ou quando atinge 15
anos no posto e passa a emérito,
um novo acadêmico é escolhido.
Texto Anterior: 100 dias: Debate reúne prefeitos em São Paulo Próximo Texto: Panorâmica - Assalto: Casal se esconde em casa oficial de Cesar Maia Índice
|