São Paulo, segunda-feira, 09 de abril de 2001

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SAÚDE

Entidade está com 2 diretorias

Disputa de poder divide Academia de Medicina

DA REPORTAGEM LOCAL

Os integrantes da Academia de Medicina de São Paulo, a mais antiga agremiação cultural médica paulista, estão divididos por disputas em torno da escolha dos seus diretores.
Desde o último dia 7 de março, a academia, fundada em março de 1895, está com duas diretorias.
Uma delas, eleita dois anos atrás e presidida pelo anátomo-patologista Luiz Celso Mattosinho França, acredita ter mandato válido até o próximo dia 14.
A outra, escolhida numa assembléia em fevereiro e comandada pelo cirurgião vascular Salvador José de Toledo Arruda Amato, tomou posse em 7 de março.
Arruda Amato era vice da gestão de Mattosinho e, pela tradição da academia, se torna automaticamente presidente no período 2001-2003. Pelo estatuto, o vice é considerado presidente eleito.
A assembléia que escolheu a nova diretoria foi convocada pelo então secretário-geral, o psiquiatra forense Guido Arturo Palomba, que acabou eleito vice-presidente (ou "presidente eleito" para a próxima gestão).
"O único que pode convocar uma assembléia para eleição é o presidente da academia", diz o dermatologista e acadêmico Sebastião Sampaio. "Essa eleição não foi legítima."
Arruda Amato diz que a convocação só foi feita por Palomba porque o então presidente Mattosinho não compareceu à reunião.
Diz também que a posse sempre se dá no dia 7 de março, data da criação da academia.
Os entreveros entre os grupos começaram quando a diretoria de Mattosinho passou a defender mudanças nos estatutos que vigoram há mais de três décadas. Uma assembléia elegeu uma comissão para redigir um novo estatuto e Sampaio passou a presidi-la.
A diretoria chefiada por Mattosinho entendeu que, enquanto se aguardavam os trâmites para aprovação do novo estatuto, a assembléia continuava soberana e as eleições, suspensas. "Mas o outro grupo nos atropelou, realizando nova assembléia e elegendo nova diretoria", diz Mattosinho.
Na sua opinião, um dos pomos da discórdia era a reforma do estatuto, que pretendia acabar "com o nepotismo dominante na direção da academia".
Arruda Amato, por exemplo, foi secretário-adjunto no período 97-98, quando sua mulher, Marisa Campos Moraes Amato, professora livre-docente de cardiologia da Faculdade de Medicina da USP, era presidente. Marisa já tinha sido secretária-adjunta nos períodos 91-92 e 93-94.
O pai de Marisa e sogro de Arruda Amato, Irany Novah Moraes, professor-adjunto da medicina da USP, ocupa cargos na diretoria da academia desde 1975. Nas duas gestões seguintes, ele foi do conselho científico.Em 79-80, foi secretário-geral, em 81-82, presidente-eleito (ou vice), e presidente nos dois anos seguintes. Nos períodos posteriores, voltou a fazer parte do conselho científico.
Segundo Arruda Amato, a diretoria "é eleita em eleições livres das quais todos os acadêmicos podem participar".
Tradicionalmente, as academias reúnem um número limitado de "mestres consagrados" e sua finalidade é doutrinar. No caso da Academia de Medicina de São Paulo, são 200 titulares e cerca de 140 eméritos. Quando um titular morre, ou quando atinge 15 anos no posto e passa a emérito, um novo acadêmico é escolhido.


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