São Paulo, sábado, 09 de abril de 2005

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NAS RUAS

Estudantes do colégio de classe média alta Nossa Senhora das Graças (zona oeste de SP) protestam pela volta de direito

Jovens exigem sair de escola no recreio e no intervalo das aulas

DA REPORTAGEM LOCAL

Na manhã de ontem, os alunos da escola de classe média alta Nossa Senhora das Graças, conhecida como Gracinha, na zona oeste de São Paulo, deixaram de lado aulas e provas para protestar pelo retorno de um direito recentemente perdido: sair da escola nos intervalos entre as aulas e durante o recreio.
Na porta da escola, por volta das 7h15, se reuniram cerca de 70 alunos do ensino médio. Com cartazes nas mãos, eles protestaram por três horas contra a medida, iniciada neste ano, que proíbe os alunos do ensino médio de deixarem as dependências da escola durante o período de aulas, das 7h15 às 12h40.
Parte deles já foi preparada para o protesto e nem chegou a entrar na escola. Outra parte, que já havia entrado, teve que pular os muros para se juntar aos colegas do lado de fora.
A decisão de fechar os portões foi tomada pela diretoria da escola como uma forma de aumentar a segurança dos alunos. Porém, foi recebida pelos estudantes como uma atitude autoritária, sobre a qual não foram consultados. Para eles, a medida contradiz a política educacional da escola, tida pelos próprios alunos como liberal e democrática.
Com 60 anos feitos no ano passado, o Gracinha não tem uma linha pedagógica definida, mas possui um perfil moderno. A maior parte dos 890 alunos são filhos de profissionais liberais.
"A escola sempre foi liberal, deixava os alunos tomarem suas decisões. Tentamos argumentar com a diretoria, mas não houve debate", disse um aluno do terceiro ano do ensino médio que estava no protesto.
Segundo uma aluna do primeiro ano do ensino médio, outros protestos devem voltar a acontecer nos próximos dias. "A maioria do pessoal mora por aqui e está habituada a andar a pé pelas ruas do bairro [Itaim Bibi]. Não tem porque trancar a gente na escola".
O protesto da manhã de ontem foi organizado com antecedência pelos alunos, que chegaram a distribuir entre eles uma carta convocando para o ato. Nela, reconhecem que a violência na cidade é grande, mas afirmam que não podem "ficar paranóicos com o assunto". Para eles, a decisão de sair ou não deveria ser tomada pelos alunos e suas famílias.
Segundo o diretor do Gracinha, Eduardo Roberto da Silva, a decisão de fechar os portões da escola no período de aula foi tomada exclusivamente em razão da segurança. "Não foi por gosto, foi por respeito à integridade dos alunos e às famílias deles. Nós não temos mais condições de garantir a segurança dos alunos na hora do recreio, fora da escola." Sobre o fato de pais e alunos não terem sido consultados, Silva afirmou que a decisão "é exclusiva da escola".


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