|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NAS RUAS
Estudantes do colégio de classe média alta Nossa Senhora das Graças (zona oeste de SP) protestam pela volta de direito
Jovens exigem sair de escola no recreio e no intervalo das aulas
DA REPORTAGEM LOCAL
Na manhã de ontem, os alunos
da escola de classe média alta
Nossa Senhora das Graças, conhecida como Gracinha, na zona
oeste de São Paulo, deixaram de
lado aulas e provas para protestar
pelo retorno de um direito recentemente perdido: sair da escola
nos intervalos entre as aulas e durante o recreio.
Na porta da escola, por volta das
7h15, se reuniram cerca de 70 alunos do ensino médio. Com cartazes nas mãos, eles protestaram
por três horas contra a medida,
iniciada neste ano, que proíbe os
alunos do ensino médio de deixarem as dependências da escola
durante o período de aulas, das
7h15 às 12h40.
Parte deles já foi preparada para
o protesto e nem chegou a entrar
na escola. Outra parte, que já havia entrado, teve que pular os muros para se juntar aos colegas do
lado de fora.
A decisão de fechar os portões
foi tomada pela diretoria da escola como uma forma de aumentar
a segurança dos alunos. Porém,
foi recebida pelos estudantes como uma atitude autoritária, sobre
a qual não foram consultados. Para eles, a medida contradiz a política educacional da escola, tida
pelos próprios alunos como liberal e democrática.
Com 60 anos feitos no ano passado, o Gracinha não tem uma linha pedagógica definida, mas
possui um perfil moderno. A
maior parte dos 890 alunos são filhos de profissionais liberais.
"A escola sempre foi liberal, deixava os alunos tomarem suas decisões. Tentamos argumentar
com a diretoria, mas não houve
debate", disse um aluno do terceiro ano do ensino médio que estava no protesto.
Segundo uma aluna do primeiro ano do ensino médio, outros
protestos devem voltar a acontecer nos próximos dias. "A maioria
do pessoal mora por aqui e está
habituada a andar a pé pelas ruas
do bairro [Itaim Bibi]. Não tem
porque trancar a gente na escola".
O protesto da manhã de ontem
foi organizado com antecedência
pelos alunos, que chegaram a distribuir entre eles uma carta convocando para o ato. Nela, reconhecem que a violência na cidade
é grande, mas afirmam que não
podem "ficar paranóicos com o
assunto". Para eles, a decisão de
sair ou não deveria ser tomada
pelos alunos e suas famílias.
Segundo o diretor do Gracinha,
Eduardo Roberto da Silva, a decisão de fechar os portões da escola
no período de aula foi tomada exclusivamente em razão da segurança. "Não foi por gosto, foi por
respeito à integridade dos alunos
e às famílias deles. Nós não temos
mais condições de garantir a segurança dos alunos na hora do recreio, fora da escola." Sobre o fato
de pais e alunos não terem sido
consultados, Silva afirmou que a
decisão "é exclusiva da escola".
Texto Anterior: Foto estava na lixeira do micro Próximo Texto: Pais divergem sobre medida Índice
|