Curso quer resgatar profissão de alfaiate

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de amanhã começa a funcionar o primeiro curso de alfaiate do Estado de São Paulo, criado para, em tempos em que as roupas são compradas até pela internet, não deixar a profissão sumir.
Batizado de Sob Medida, o curso tem 11 inscritos, desde jovens de 25 anos a senhoras de 70, dispostos a conhecer as minúcias de um ofício que, em todo o Estado, reúne cerca de 1.500 profissionais, segundo a Associação dos Alfaiates e Camiseiros do Estado de São Paulo. É a entidade que promove o curso, dividido em três módulos, com duração de um ano e mensalidade de R$ 350.
A meta é formar 40 profissionais por ano. O curso funciona num andar inteiro num edifício da avenida Ipiranga. Há uma sala com 12 máquinas de costura, outra com bancadas para cortar os tecidos e manequins para servir de modelo para as roupas.
"No passado, havia muito mais alfaiates. Com o tempo, o número foi diminuindo. O curso é para formar novos profissionais, para que [a profissão] não morra", afirmou Valério Fávero, 67, coordenador do curso e na profissão desde 1948.
A decadência das roupas sob medida ocorreu na década de 80, com o avanço do mercado de vestuário. Os alfaiates em atividade hoje têm, em média, de 60 a 70 anos.
O curso, segundo Anderson Malta, gestor do projeto, cria oportunidade para especialização em confecção artesanal de roupas, enquanto que, no mercado atual, a formação se dedica a habilitar o profissional para atuar no setor industrial.
A primeira etapa, que começa amanhã, das 13h às 17h, e dura três meses, é destinada a ensinar a produzir calças. Três meses depois, os estudantes saberão como confeccionar camisas. Por último, com duração de seis meses, a fabricação artesanal de paletós. Em todas as etapas, os participantes aprenderão a calcular preço de venda e prestar bom atendimento aos clientes.