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Cancela eletrônica de pedágio falha 3 vezes em meia hora
Problemas ocorrem 2 dias após acidente com morte causado por erro no sistema automático
Somadas ao excesso de velocidade dos motoristas, falhas põem viajantes em risco; caminhão ficou parado
2 segundos no meio da pista
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
JOEL SILVA
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO
Falhas no sistema de abertura das cancelas do Sem Parar/
Via Fácil (cobrança automática
usada em todas as rodovias pedagiadas de São Paulo e do Rio),
somadas a imprudência e excesso de velocidade dos motoristas, põem em risco diariamente a vida do viajante, conforme constatou a Folha ontem pela manhã, na rodovia
dos Bandeirantes (que liga São
Paulo ao interior do Estado).
Em 30 minutos, das 10h às
10h30, a reportagem flagrou
três momentos em que duas
das quatro cancelas do Sem Parar do km 36 -sentido capital,
em Caieiras (Grande São Paulo)- não abriram para a passagem dos veículos, obrigando os
motoristas a pararem por até
27 segundos no meio da pista.
A velocidade máxima permitida para passar pelo Sem Parar
é de 40 km/h, suficiente para
percorrer 300 metros (ou dez
vezes a distância ideal entre
veículos para passar pelo pedágio, que é de 30 metros). Acima
de 60 km/h a cancela não abre
a tempo de evitar o choque.
Primeiro, às 10h06, um caminhão Mercedes teve que parar por 27 segundos; às 10h12,
um Fiat Uno parou por 8 segundos; e às 10h23, outro caminhão Mercedes parou por 11.
Os três motoristas ligaram o
pisca-alerta, aguardaram até a
cancela abrir e seguiram viagem. Não foi possível ver a velocidade dos veículos.
Acidentes
Paradas como essas -duas
provocadas por falha do equipamento de leitura automática
da passagem dos veículos e
uma por adulteração da etiqueta eletrônica fixada no para-brisa, segundo o Sem Parar-
favorecem acidentes como o
engavetamento de quatro veículos que matou uma pessoa no
mesmo lugar nesta semana.
Na manhã de segunda-feira,
segundo a polícia, um caminhoneiro reduziu a velocidade
ao ver que a cancela não havia
levantado e foi atingido por um
carro -cujo motorista morreu- e mais dois caminhões. As
causas são investigadas.
Foi o primeiro acidente com
morte na rodovia ligado à não
abertura de uma cancela -já
houve outros com feridos, diz a
concessionária AutoBAn. Mas
falhas "não são raridade", segundo motoristas.
"Hoje [ontem] mesmo aconteceu comigo. Um caminhão
freou de vez na minha frente
[no Sem Parar do km 36]. Parei
a dois metros dele", disse o caminhoneiro Thomas Pires, 22,
que viaja diariamente entre São
Paulo e Rio Claro (a 181 km da
capital paulista). "Vejo [cancela
falhar] pelo menos uma vez por
semana."
Em 2007, uma cancela da
pista marginal da rodovia Castello Branco (sentido interior-capital) não abriu quando o
empresário Luis Angel dos
Santos passava de carro. "Parei,
meu carro foi atingido por um
micro-onibus. O carro teve perda total", diz Santos, que saiu
ileso. No ano passado, diz ele,
situação semelhante se repetiu,
em outra cancela da mesma rodovia. "Não pensei duas vezes:
atropelei a barreira e joguei o
carro para a esquerda."
Velocidade excessiva
A Folha também verificou
que as placas e os radares com
mostradores digitais nas praças de pedágio são enfeite para
a maior parte dos motoristas:
em dez minutos, a reportagem
contou 101 carros acima da velocidade permitida (dez por
minuto). O máximo observado
foram 64 km/h, 60% além do
indicado.
Os radares, segundo a Artesp
(agência de concessões de rodovias) são meramente ilustrativos -não são usados pela polícia para aplicar multas.
Rodovias de Minas, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do
Sul também usam o Sem Parar
(conhecido como Via Fácil),
que, no país, têm 1,3 milhão de
usuários em 483 pistas.
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