São Paulo, quinta-feira, 09 de abril de 2009

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Cancela eletrônica de pedágio falha 3 vezes em meia hora

Problemas ocorrem 2 dias após acidente com morte causado por erro no sistema automático

Somadas ao excesso de velocidade dos motoristas, falhas põem viajantes em risco; caminhão ficou parado 2 segundos no meio da pista

RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
JOEL SILVA
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO

Falhas no sistema de abertura das cancelas do Sem Parar/ Via Fácil (cobrança automática usada em todas as rodovias pedagiadas de São Paulo e do Rio), somadas a imprudência e excesso de velocidade dos motoristas, põem em risco diariamente a vida do viajante, conforme constatou a Folha ontem pela manhã, na rodovia dos Bandeirantes (que liga São Paulo ao interior do Estado).
Em 30 minutos, das 10h às 10h30, a reportagem flagrou três momentos em que duas das quatro cancelas do Sem Parar do km 36 -sentido capital, em Caieiras (Grande São Paulo)- não abriram para a passagem dos veículos, obrigando os motoristas a pararem por até 27 segundos no meio da pista.
A velocidade máxima permitida para passar pelo Sem Parar é de 40 km/h, suficiente para percorrer 300 metros (ou dez vezes a distância ideal entre veículos para passar pelo pedágio, que é de 30 metros). Acima de 60 km/h a cancela não abre a tempo de evitar o choque.
Primeiro, às 10h06, um caminhão Mercedes teve que parar por 27 segundos; às 10h12, um Fiat Uno parou por 8 segundos; e às 10h23, outro caminhão Mercedes parou por 11. Os três motoristas ligaram o pisca-alerta, aguardaram até a cancela abrir e seguiram viagem. Não foi possível ver a velocidade dos veículos.

Acidentes
Paradas como essas -duas provocadas por falha do equipamento de leitura automática da passagem dos veículos e uma por adulteração da etiqueta eletrônica fixada no para-brisa, segundo o Sem Parar- favorecem acidentes como o engavetamento de quatro veículos que matou uma pessoa no mesmo lugar nesta semana.
Na manhã de segunda-feira, segundo a polícia, um caminhoneiro reduziu a velocidade ao ver que a cancela não havia levantado e foi atingido por um carro -cujo motorista morreu- e mais dois caminhões. As causas são investigadas.
Foi o primeiro acidente com morte na rodovia ligado à não abertura de uma cancela -já houve outros com feridos, diz a concessionária AutoBAn. Mas falhas "não são raridade", segundo motoristas.
"Hoje [ontem] mesmo aconteceu comigo. Um caminhão freou de vez na minha frente [no Sem Parar do km 36]. Parei a dois metros dele", disse o caminhoneiro Thomas Pires, 22, que viaja diariamente entre São Paulo e Rio Claro (a 181 km da capital paulista). "Vejo [cancela falhar] pelo menos uma vez por semana."
Em 2007, uma cancela da pista marginal da rodovia Castello Branco (sentido interior-capital) não abriu quando o empresário Luis Angel dos Santos passava de carro. "Parei, meu carro foi atingido por um micro-onibus. O carro teve perda total", diz Santos, que saiu ileso. No ano passado, diz ele, situação semelhante se repetiu, em outra cancela da mesma rodovia. "Não pensei duas vezes: atropelei a barreira e joguei o carro para a esquerda."

Velocidade excessiva
A Folha também verificou que as placas e os radares com mostradores digitais nas praças de pedágio são enfeite para a maior parte dos motoristas: em dez minutos, a reportagem contou 101 carros acima da velocidade permitida (dez por minuto). O máximo observado foram 64 km/h, 60% além do indicado.
Os radares, segundo a Artesp (agência de concessões de rodovias) são meramente ilustrativos -não são usados pela polícia para aplicar multas.
Rodovias de Minas, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul também usam o Sem Parar (conhecido como Via Fácil), que, no país, têm 1,3 milhão de usuários em 483 pistas.


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