São Paulo, sexta-feira, 09 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

"Há estudos a respeito de tudo", diz prefeito

Para Jorge Roberto da Silveira (PDT), não havia qualquer evidência de que o terreno no morro do Bumba poderia deslizar

Pesquisador da UFF que atuou no estudo, entregue em 2004, diz que a área era uma "montanha de lixo" e que a prefeitura foi alertada

DA SUCURSAL DO RIO

O prefeito Jorge Roberto da Silveira (PDT), que administra Niterói pela quarta vez, minimizou o trabalho dos pesquisadores da Universidade Federal Fluminense que apontou, há seis anos, riscos de desmoronamentos no morro do Bumba, onde um deslizamento provocou o desaparecimento de dezenas de pessoas anteontem.
""Há estudos a respeito de tudo na cidade", disse ontem. Em 2004, quando o trabalho foi entregue ao governo municipal, o prefeito era o atual vice, Godofredo Pinto (PT), que não foi localizado ontem pela Folha.
Nenhum trabalho foi feito pela administração de Niterói com base no estudo, mas Silveira insistiu que a prefeitura nunca teve nenhum sinal de risco de desmoronamento na área. Disse que uma prova de que a administração estava atenta é que tinha enviado um maquinário para a região três dias antes, em razão de ""um pequeno deslizamento de terra" .
A máquina, de acordo com ele, acabou engolida com os escombros anteontem. ""Se houvesse evidência de problema, é evidente que teríamos agido de imediato"", afirmou.

"Montanha de lixo"
"O estudo já alertava sobre o risco de acidentes, que a área era de alta suscetibilidade [de ocorrer deslizamentos]. Porque era uma montanha de lixo, que é muito menos firme do que a terra, principalmente quando está molhado", afirmou ontem o geólogo Adalberto da Silva, professor da UFF.
De acordo com ele, a administração municipal foi alertada sobre os riscos da ocupação da área. "O relatório foi encaminhado para a prefeitura e ressaltava a necessidade de haver um monitoramento constante do terreno", declarou.
A secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, destacou que a responsabilidade de impedir a ocupação do solo é dos municípios. Portanto, a desocupação daquela área caberia à Prefeitura de Niterói.
O governador Sérgio Cabral (PMDB), porém, afirmou que não é hora de apontar culpados pelo soterramento. Ao visitar ontem o morro do Bumba, Cabral cochichou ao prefeito: ""Não aceite nenhuma provocação", sussurrou ao pé do ouvido de Silveira -sua recomendação foi captada, porém, pelo gravador do repórter da Folha.
O presidente do Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio), Agostinho Guerreiro, afirmou que áreas que acumulam lixo têm pouca sustentação e são mais vulneráveis a deslizamentos. "Antes de ocupar, seria preciso um laudo geotécnico que comprovasse a ausência de risco. O poder público deveria fazer esse estudo, mas o prejuízo sempre sobra para a população mais pobre", disse.
Silveira afirmou "que não havia qualquer sinalização de que isso ocorreria". "O lixão estava desativado. Ninguém poderia imaginar. Lamentavelmente, isto ocorreu e estamos estudando as causas e as consequências no entorno", disse.
(FÁBIO GRELLET E ELVIRA LOBATO)


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.