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ANÁLISE
Idade escolar deveria ser alvo
HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Apesar do preço relativamente salgado da dose, que deve ficar entre R$ 60 e R$ 90, a
imunização de crianças em idade escolar com a vacina trivalente -que chega agora às clínicas particulares e oferece proteção tanto contra a gripe sazonal como contra a pandêmica-
pode ser uma boa ideia.
Se cabe uma crítica ao bom
plano de vacinação do Ministério da Saúde -no qual a imunização é gratuita-, é que ele optou por deixar de lado a população em idade escolar.
Trata-se de decisão justificável, dados os critérios escolhidos para definir quais seriam os
grupos prioritários. O principal
deles foi a gravidade com que
cada estrato demográfico se viu
atingido na primeira passagem
do vírus pandêmico.
Como crianças e jovens entre
2 e 19 anos não foram particularmente afetados, acabaram
ficando de fora. Só que teria sido interessante vacinar a população em idade escolar porque
ela representa um elo importante na cadeia de transmissão
do vírus. Crianças, afinal, tendem a contrair o vírus mais facilmente e o transmitem por
mais tempo, além de conviverem de maneira próxima com
colegas, pais e avós.
Esse, aliás, foi um dos argumentos utilizados por algumas
secretarias estaduais da Saúde
para defender sua decisão de
adiar o reinício das aulas no
meio do ano passado.
Há farta literatura mostrando que crianças desempenham
o papel principal nas contaminações de gripe sazonal que
ocorrem dentro de casa. Outros
estudos sugerem que é possível
reduzir a morbimortalidade da
influenza na população geral
vacinando apenas crianças.
Num já clássico trabalho publicado pelo "New England
Journal of Medicine" em 2001,
Thomas Reichert e outros mostraram que, no Japão, onde até
1994 a vacinação de estudantes
contra a gripe era obrigatória
por lei, a imunização juvenil
protegia também a população
mais velha, para a qual a cobertura vacinal era irrisória. Quando a lei foi revertida e os índices
de imunização de jovens caíram acentuadamente, a mortalidade dos idosos subiu. Pelos
cálculos dos pesquisadores, cada 420 crianças vacinadas resultam em uma morte evitada.
É o que a epidemiologia chama de imunidade de rebanho.
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