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TRANSPORTES
Empresas prometeram adaptar 10% dos ônibus, mas apenas 5,3% têm elevadores e pisos antiderrapantes
Fracassa acordo que beneficiava deficiente
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
As empresas de ônibus que operam em São Paulo descumpriram
acordo feito em maio do ano passado de adaptar 10% da frota de
mil novos veículos para o acesso
de deficientes físicos.
A SPTrans (São Paulo Transporte, empresa que gerencia o
transporte público na cidade) informou ontem que só 65 dos novos veículos fornecidos na administração petista pelas empresas
têm, por exemplo, elevadores e
piso antiderrapante.
Em razão de contratações emergenciais após o acordo de 2001, as
empresas acrescentaram mais
220 carros novos àqueles mil. Há,
portanto, 1.220 veículos novos
circulando, segundo a SPTrans.
Os 65 veículos adaptados para
transportar deficientes correspondem a 5,3% dessa frota.
O número total da frota na cidade é de 10.200 carros, sendo que
233 são adaptados, já incluídos os
65. A estimativa é que existam 400
mil deficientes em São Paulo.
No acordo de 2001, a municipalidade cumpriu sua parte, paga
com dinheiro do paulistano: concedeu aos empresários o aumento
da tarifa, que chegou aos atuais
R$ 1,40, um acréscimo de 21,7%,
acima dos 14,6% de inflação medidos pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da
USP) de janeiro de 1999, data do
reajuste anterior, a maio de 2001.
O Transurb (sindicato das empresas de ônibus) informou que
consultaria todas as viações que
entregaram veículos novos para
verificar se os números divulgados pela SPTrans são corretos.
O secretário municipal dos
Transportes, Carlos Zarattini, disse que a prefeitura não pode obrigar as empresas a disponibilizar
os ônibus, uma vez que elas não
assinaram um contrato. Mas irá
utilizar uma decisão do Tribunal
de Justiça de São Paulo para pressioná-las a oferecer mais veículos.
O ex-presidente do Conselho
Municipal de Pessoas com Deficiências Galdino Oliveira Teixeira
disse ontem que, no ano passado,
os representantes do órgão estiveram na SPTrans e pediram que a
prefeitura providenciasse um
ônibus adaptado por linha. Teixeira também preside a Associação em Defesa dos Direitos de
Pessoas Deficientes de Cidade Tiradentes (periferia da zona leste).
Em seu bairro, segundo ele, há
quatro linhas com ônibus adaptado, com um veículo cada. "O bairro tem topografia acidentada. Alguns ônibus desses demoram até
quatro horas para passar. Quando
não dá para esperar, para subir é
um problema. Se ninguém ajuda,
alguns deficientes têm de, com o
perdão da palavra, arrastar a bunda pelo chão", disse.
Colaborou ALENCAR IZIDORO,
da Reportagem Local
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