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URBANISMO
Parceria entre Associação Comercial de São Paulo e prefeitura prevê instalação de ambulantes em shoppings
Comerciantes querem "confinar" camelôs
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O primeiro shopping de camelôs da cidade deverá ser administrado por comerciantes especializados em outlets, e não pela prefeitura. Técnicos da Associação
Comercial de São Paulo e da administração municipal finalizam
o piloto do primeiro centro de
compras. No dia 12, o grupo se
reúne para os últimos ajustes.
Desde que assumiu, a prefeita
Marta Suplicy tenta organizar o
comércio ambulante, sem sucesso. A maioria das propostas do
plano de governo da prefeita para
o comércio ambulante -entre as
quais, os shoppings- não foi
cumprida.
Só no centro, há 1.244 camelôs
legalizados e outros cerca de 4.000
clandestinos. Nesta semana, fiscais foram agredidos.
A administração tem dois meses para retirar os ilegais da rua,
segundo decisão judicial motivada por duas ações de autoria do
Ministério Público Estadual.
Segundo Guilherme Afif Domingos, presidente da ACSP, no
projeto piloto dos shoppings de
camelôs, a prefeitura entraria
com fiscalização e programas sociais. O acordo a ser firmado entre
administração, ACSP e ambulantes, segundo Afif Domingos, prevê a proibição de camelôs em um
raio de distância do shopping,
ainda não definido.
Segundo o subprefeito da Sé,
Sérgio Torrecillas, que participa
do grupo, poderão ser incluídos
no projeto ambulantes ilegais que
venderem produtos lícitos.
O piloto deverá ser instalado em
um prédio vazio no calçadão da
rua General Carneiro, embaixo da
sede da ACSP, na rua Boa Vista.
O aluguel cobrado por um box
no local será de, no máximo, R$
300 mensais. Hoje, os legalizados
pagam cerca de R$ 1.100 por ano
de taxas à prefeitura, mas há comércio de pontos entre os camelôs, o que chega a multiplicar o
gasto por dez.
No shopping, o ambulante terá
infra-estrutura que inclui de empréstimos a uma parceria com o
Sescon (Sindicato das Empresas
de Serviços Contábeis), que cuidará da legalização do comércio.
Caso o piloto dê certo, os demais shoppings serão instalados
em bolsões comerciais como o da
rua 25 de Março (centro). Todos
terão o mesmo nome. A idéia é
criar uma marca que identifique
uma rede de outlets -espécie de
centro de compras em que as lojas
ficam em boxes.
Poderão abrigar os centros de
compras edifícios particulares
alugados ou espaços públicos
-principalmente áreas sob viadutos-, que serão concedidas
aos responsáveis mediante pagamento de taxa.
Por isso, uma das iniciativa do
grupo que desenvolve o projeto
foi acelerar a publicação em "Diário Oficial" do decreto 43.122, no
último dia 24, que estabelece regras para a utilização dos espaços
localizados sob os viadutos.
Além do Sescon, a Associação
Comercial fecha parceria com o
Sebrae-SP (Serviço de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas de
São Paulo). As entidades fariam
plantão para assessorar camelôs.
O Sebrae e a Secretaria Municipal do Trabalho entrariam com
programas de incubadoras de
empresas e de microcrédito, como o Banco do Povo, do governo,
e o SP Confia, da prefeitura. "No
Japão, os outlets fizeram revolução. Vendem de tudo, até televisores", diz Afif Domingos.
Segundo Josefa Nogueira, presidente do Sindicato dos Permissionários (camelôs regulares), o projeto já tem mobilizado os ambulantes e conquistou apoio das lideranças.
"Quero acreditar que agora sai,
depois de tantas promessas", diz.
Para orientar o grupo que elabora
o projeto, ela cadastrou ambulantes interessados, reunindo cerca
de 300 na rua 24 de Maio (centro).
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