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Madrasta pode ser levada para outra cidade
Após a ameaça de rebelião, as autoridades passaram a estudar a possibilidade de transferir Anna Jatobá para Tremembé
Madrasta está no presídio de Sant'Ana; Alexandre Nardoni, pai da menina Isabella, está detido no
13º DP, em cela isolada
Fernando Donasci/Folha Imagem
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Presas da penitenciária feminina de Sant'Ana fazem homenagem a Isabella e protestam contra a transferência de Anna Jatobá
LUÍS KAWAGUTI
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
As presas da penitenciária feminina de Sant'Ana, na zona
norte, fizeram um protesto ontem de manhã e tentaram iniciar uma rebelião contra a
transferência para o local da estudante Anna Jatobá, 24.
As detentas, que souberam
da chegada da madrasta da menina Isabella por meio de agentes penitenciários, bateram canecas contra as grades, aos gritos de "assassina".
O tumulto foi controlado pelos guardas do presídio e as detentas por pouco não conseguiram iniciar uma rebelião. A Folha apurou que, por temer pela
segurança de Anna Jatobá, as
autoridades policiais e a cúpula
da SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) estudavam ontem a possibilidade de
transferi-la para outra penitenciária, em Tremembé (138 km
de SP). Segundo o "Jornal da
Globo", a transferência foi feita
no final da noite de ontem. A
informação não foi confirmada
pelo presídio de Sant'Ana ou
pelo de Tremembé.
Na manhã de ontem, as presas também escreveram com
giz mensagens de protesto em
uma das quadras da penitenciária: "Assassina maldita" e
"Homenagem a Isabella, presente do dia das mães". Depois,
a primeira mensagem foi apagada e substituída pela frase:
"Estamos na paz pela vida".
Por segurança, Anna Jatobá
tinha passado a madrugada isolada em uma cela do 97º DP
(Americanópolis), na zona sul
de São Paulo. Ali, dormiu sobre
um papelão em uma cela de
aproximadamente 18 metros
quadrados, leu a Bíblia e tomou
café da manhã normalmente.
Anna Jatobá foi levada para o
distrito porque os CDPs (Centros de Detenção Provisória)
não recebem detentos no período noturno. Ela chegou ao
presídio de Sant'Ana às 11h, sob
escolta policial.
A previsão de que Anna Jatobá seria hostilizada na penitenciária havia sido feita anteontem pela delegada Renata Pontes, assistente no 9º DP (Carandiru), que investigou a morte
de Isabella. Ela afirmou que as
detentas haviam dito que iniciariam uma rebelião se a madrasta fosse transferida para lá.
A SAP negou problemas com
as presas de Sant'Ana envolvendo a transferência de Anna
Jatobá. A secretaria informou
que a estudante foi colocada em
cela isolada do regime de observação, procedimento adotado
em todas as transferências. Por
segurança, ela ficará assim por
um período de dez dias.
O órgão também se recusou a
informar quantas presas estão
atualmente no local. Em setembro, reportagem revelou
que havia 2.662 detentas para
2.400 vagas. A Folha apurou
que a unidade continua com
excesso de lotação.
Durante a tarde de ontem,
entre 16h15 e 17h, os advogados
Ricardo Martins e Rogério Neres visitaram Anna Jatobá na
penitenciária. "Eu só posso falar que está tudo bem com ela",
disse Martins, minutos antes
de se reunir com o advogado
Marco Polo Levorin para conversar sobre um pedido de habeas corpus para o casal.
Anna Jatobá e seu marido, o
estagiário de direito Alexandre
Nardoni, 29, pai de Isabella,
são acusados pela morte da
menina, que foi atirada pela janela do sexto andar do prédio
da família na zona norte de São
Paulo no dia 29 de março. Segundo denúncia do Ministério
Público, Anna esganou Isabella
e incentivou Nardoni a atirar a
menina desacordada por um
buraco feito na rede de proteção da janela. O casal teve a prisão preventiva decretada anteontem.
Os dois negam o crime e afirmaram que o assassinato foi
cometido por uma terceira pessoa que entrou no apartamento
durante a ausência deles.
Nardoni, que tem curso superior completo, passou a noite
em cela separada dos demais
presos no 13º DP (Casa Verde),
na zona norte, especial para
presos com diploma universitário. A polícia acha que ele não
corre risco de ser agredido pelos 30 detentos da carceragem.
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