São Paulo, domingo, 09 de maio de 2010

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"Pai" do anticoncepcional era católico fevoroso

DE WASHINGTON

Com cinco filhos e 19 netos, John Rock era um médico sério, de cabelos brancos, que ia à missa todos os dias e mantinha um crucifixo na parede atrás de sua mesa. Esse católico fervoroso foi também um dos "pais" da pílula, cuja religiosidade ajudou a moldar a maior parte dos contraceptivos atuais.
Antes dos anos 1960, um tratamento hormonal diário como a pílula já era usado para regular o ciclo menstrual das mulheres e atenuar problemas como cólicas. Era inclusive aprovado pela Igreja Católica. Faltava fazer o FDA -e o Vaticano- concordarem com a pílula.
Rock acreditava que para agradar o papa e sua fé era necessário deixar a pílula o mais "natural" possível: ela imitava hormônios existentes no corpo, mimetizava o método da tabelinha (apenas aumentava o período "seguro" para o sexo) e permitia uma menstruação mensal através de pausas ou uso de placebos.
O que ele não sabia era que a "naturalidade" da menstruação mensal seria depois questionada por uma série de estudos antropológicos.
Para a igreja, o esforço de Rock também foi inútil. Em 1968, o Vaticano proibiu aos católicos o uso de contraceptivos "artificiais", inclusive a pílula.
Rock continuou e foi alvo, ao lado dos colegas Gregory Pincus e Min-Cheuh Chang, de outras polêmicas, que perduram até hoje. Só em 1972 a Suprema Corte americana determinou que Estados não podiam impedir a distribuição de anticoncepcionais. Até hoje médicos e enfermeiras nos EUA se recusam a receitar a pílula alegando motivos de fé e pessoais


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