|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Pai" do anticoncepcional era católico fevoroso
DE WASHINGTON
Com cinco filhos e 19 netos,
John Rock era um médico sério, de cabelos brancos, que ia à
missa todos os dias e mantinha
um crucifixo na parede atrás de
sua mesa. Esse católico fervoroso foi também um dos "pais"
da pílula, cuja religiosidade ajudou a moldar a maior parte dos
contraceptivos atuais.
Antes dos anos 1960, um tratamento hormonal diário como
a pílula já era usado para regular o ciclo menstrual das mulheres e atenuar problemas como cólicas. Era inclusive aprovado pela Igreja Católica. Faltava fazer o FDA -e o Vaticano-
concordarem com a pílula.
Rock acreditava que para
agradar o papa e sua fé era necessário deixar a pílula o mais
"natural" possível: ela imitava
hormônios existentes no corpo, mimetizava o método da tabelinha (apenas aumentava o
período "seguro" para o sexo) e
permitia uma menstruação
mensal através de pausas ou
uso de placebos.
O que ele não sabia era que a
"naturalidade" da menstruação
mensal seria depois questionada por uma série de estudos antropológicos.
Para a igreja, o esforço de
Rock também foi inútil. Em
1968, o Vaticano proibiu aos católicos o uso de contraceptivos
"artificiais", inclusive a pílula.
Rock continuou e foi alvo, ao
lado dos colegas Gregory Pincus e Min-Cheuh Chang, de outras polêmicas, que perduram
até hoje. Só em 1972 a Suprema
Corte americana determinou
que Estados não podiam impedir a distribuição de anticoncepcionais. Até hoje médicos e
enfermeiras nos EUA se recusam a receitar a pílula alegando
motivos de fé e pessoais
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: 129 transexuais esperam troca de sexo em hospital no Rio Índice
|