São Paulo, sábado, 9 de maio de 1998 |
Próximo Texto | Índice PESQUISA Valor faria 1 km de linha de metrô a cada dez dias e diz respeito às horas de trabalho perdidas e ao combustível gasto a mais SP desperdiça US$ 13,8 mi no trânsito
FABIO SCHIVARTCHE da Reportagem Local Os cerca de 5 milhões de paulistanos que enfrentam os intermináveis congestionamentos de São Paulo desperdiçam, a cada dia, US$ 13,8 milhões, de acordo com relatório da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) concluído esta semana. Para chegar a esse valor, suficiente para construir um quilômetro de linha de metrô a cada dez dias, os técnicos contabilizaram principalmente as horas de trabalho desperdiçadas no trânsito e o gasto desnecessário de combustível (leia mais sobre a metodologia da pesquisa nesta página). "Os paulistanos, de maneira geral, perdem muito tempo e dinheiro no trânsito. Mas é algo inerente a quem mora em um grande centro urbano. É uma tendência mundial", diz o presidente da CET, Nelson Maluf El Hage. Em países da Europa, por exemplo, a Comissão das Comunidades Européias estimou em 2% do PIB (Produto Interno Bruto) as perdas com congestionamentos. "Muitas capitais, como Roma e Paris, estão adotando programas para combater a crescente motorização dos cidadãos", diz El Hage, que voltou esta semana de uma viagem de 15 dias à Europa. Em São Paulo, no entanto, a situação piora rapidamente. Impulsionado pelos investimentos da indústria automobilística no país, o índice de motorização cresceu muito nesta década -e em maior velocidade que a população. Hoje, a cidade tem 2,1 habitantes para cada veículo. O índice paulistano é maior que o de Tóquio (com 2,29) e que o de Nova York (com 3,86). "O problema é grave e deve ser combatido com um incremento ao transporte público de qualidade", defende Eduardo Vasconcelos, diretor-adjunto da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP). Segundo o relatório da CET, os US$ 13,8 milhões desperdiçados por dia com a lentidão do trânsito representam mais de um terço (36%) do gasto total com o transporte sobre pneus na cidade. "É um índice muito alto, mas que estamos tentando inverter", diz El Hage. Uma das prioridades da CET é o aumento da velocidade média dos veículos. Estudos de 1997 mostram que houve, em apenas dois anos, uma redução de até 39% na velocidade média dos veículos, nos percursos realizados à tarde. A velocidade média dos ônibus (cerca de 14 km/h, considerada muito baixa) também preocupa. "Vamos retomar o rodízio municipal tão logo acabe o programa estadual e investir em ações que estimulem o cidadão a não utilizar seu carro de forma individual, como as faixas de carona solidária (apenas para veículos com dois ou mais passageiros)", diz El Hage. Próximo Texto | Índice |
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