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GRAVAÇÕES 2
Vereador cogita trocar benefícios pessoais por voto para presidência da Câmara e para projeto sobre lotações
Enéas sugere que venderia voto por R$ 50 mil
da Reportagem Local
Em duas das
conversas gravadas às quais a
Folha teve acesso, o vereador
Osvaldo Enéas
(Prona) sugere
ser capaz de mudar seu voto se receber em troca
vantagens políticas e financeiras.
Ambos os diálogos foram gravados em outubro de 97 por Sidney
L'Abatti, que na ocasião já havia
saído do gabinete do vereador e estava trabalhando em seu escritório
político na Vila Formosa (zona sudeste de São Paulo).
No primeiro deles, o parlamentar sugere que votaria no candidato à presidência da Câmara que lhe
oferecesse o maior montante em
dinheiro, indicando que a negociação seria possível também com
outros vereadores (veja abaixo).
"Você já pensou se ele chegar assim para um cara que tá capengando, assim igual eu, com 50 paus?",
disse Enéas a L'Abatti.
Ele cogitava a possibilidade de o
então vereador Hanna Garib (suspenso do PPB, hoje deputado estadual) vencer o candidato à reeleição Nelo Rodolfo (PPB, hoje deputado federal) se oferecesse dinheiro para os colegas de plenário.
Garib acabou não se candidatando e Rodolfo, candidato único, foi
eleito com 44 votos -um deles de
Enéas. A definição em torno do
nome de Rodolfo foi obtida depois
de o então secretário de Governo,
Edevaldo Alves da Silva, ter ameaçado de retaliação os vereadores
governistas da "ala rebelde".
As negociações para a composição da mesa diretora da Câmara
também tiveram a participação direta de Edevaldo, que acompanhou por telefone todo o desenrolar da votação.
Perueiros
O segundo diálogo gravado por
L'Abatti ocorreu uma semana antes de a Câmara Municipal tentar
colocar em pauta pela primeira vez
um projeto de lei que limitava a
2.700 o número de lotações legalizadas na cidade de São Paulo.
A tentativa estava prevista para a
terça-feira dia 21 de outubro, mas
os governistas deixaram o plenário
após nove horas de sessão e o projeto de autoria de Nelo Rodolfo só
foi votado e aprovado dia 23.
"Eu pensei assim: "Vou segunda,
porque se ele não der, voto a favor
dos perueiros na terça'", disse
Enéas a L'Abatti. Ele se referia a
uma conversa que, um dia antes da
data prevista para a votação do
projeto dos perueiros, tentaria
marcar com o então secretário de
Governo, Edevaldo Alves da Silva,
para negociar o módulo 5 do PAS.
Enéas ameaçava votar contra a
orientação do governo -que queria ver limitado o número de lotações- caso Edevaldo não confirmasse que o controle do módulo
seria entregue ao Prona.
Poucos sabem o que conversaram Enéas e Edevaldo, mas o fato é
que o vereador continuou votando
com o governo e ameaçando se rebelar. Ganhou o módulo 5 do PAS
no final de 97 e, em abril do ano
passado, pôde indicar o novo interventor de Itaquera.
(SÍLVIA CORRÊA)
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