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São Paulo, segunda-feira, 09 de junho de 2003

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Morto foi sócio de outras empresas

DO "AGORA"

O eletricista José Matilde de Arruda, que foi usado, mesmo depois de morto, como "laranja" na viação Cidade Tiradentes, também aparece como dono de pelo menos outras três empresas -só que fantasmas. As informações constam em um levantamento solicitado pelo Ministério Público Estadual à Junta Comercial de São Paulo (Jucesp), sobre a lista de empresas registradas em nome dos proprietários da viação, Samy Jaroviski -preso acusado de estelionato- e Arruda, morto em maio de 2002.
Os promotores investigam o destino de cerca de R$ 23 milhões aplicados pela SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo na cidade) na Cidade Tiradentes durante duas intervenções.
A existência de um esquema de abertura e fechamento de viações para fraudar o INSS, usando sócios "laranjas", veio à tona nas últimas semanas durante as investigações da chamada "máfia dos transportes" -um esquema de pagamento de propinas e fraudes trabalhistas que envolveria sindicalistas e empresários.
A descoberta de que o nome de Arruda não foi usado apenas na compra da Tiradentes, mas também para adquirir empresas fantasmas de outros ramos, levantou a suspeita de que elas possam ter sido utilizadas para maquiar pagamentos de propina e até supostos desvios de recursos durante o período de intervenção. Notas fiscais e gastos feitos nessa época estão sendo analisados.
Os dois primeiros golpes foram feitos enquanto Arruda ainda estava vivo. Em 1997, ele foi usado como laranja na compra de uma empresa de artefatos de borracha -Gepal. Em maio do ano passado, foi a vez de ele figurar como dono de uma tecelagem -Kondotex. Nessa última, ele aparece como sócio de Bibiano da Silva Salgado, genro de Jaroviski e procurado pela polícia por estelionato. Arruda ainda é "dono" de uma locadora de veículos de carga.
A reportagem visitou os endereços registrados como sendo a sede das empresas, mas constatou que nenhuma delas nunca funcionou no local informado. Já o endereço residencial fornecido como sendo de Arruda não existe, assim como o de Salgado.
(SÍLVIA AMORIM)


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