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RACISMO
Estudante da Federal do Rio Grande do Sul admite ter enviado e-mail de teor anti-semita em eleição ao diretório acadêmico
Faculdade investiga aluno por ofensa a judeu
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A atuação de grupos neonazistas no Rio Grande do Sul, detectada e apurada pela polícia gaúcha
há dois anos, é investigada na universidade federal do Estado.
Sindicância aberta pela UFRGS
(Universidade Federal do Rio
Grande do Sul) investiga o estudante de ciências atuariais Gabriel
Marchesi Lopes, 20, pelas acusações de disseminar anti-semitismo e intenção de usar a presidência do diretório acadêmico para
ajudar a bancar o clandestino Partido Nacional-Socialista Brasileiro -a agremiação se diz nazista e
atua em Porto Alegre (RS).
Lopes era candidato à presidência do diretório.
O estudante renunciou quando
seus oponentes apresentaram à
direção da UFRGS e-mails assinados por ele e que traziam conteúdo anti-semita.
O aluno negou em entrevista
que seja anti-semita ou racista. Ele
se definiu como fascista [sistema
político antidemocrático e nacionalista]. "Tenho amigos negros,
só sou fascista. Nazista [regime
que prega a superioridade da raça
ariana e foi responsável pelo extermínio de judeus na 2ª Guerra
Mundial], eu não sou", disse.
Questionado se propaga idéias
apenas contra judeus, ele disse
que não conhece nenhum. "Como posso ser contra quem não
conheço?"
Apesar disso, ele reconheceu ter
enviado a seguinte frase por e-mail: "Peço a ajuda de vocês, pessoas intrinsecamente envolvidas
com a causa nacional-socialista
no Brasil, para pensarmos, juntos,
uma maneira eficaz de deter esses
odiosos vermes judeus".
""Foi um exagero da minha parte, um erro", disse ele à Folha.
Quanto ao partido ao qual se refere, ele disse ser apenas um grupo que discute a 2ª Guerra Mundial, analisando mais o papel da
Itália do que o da Alemanha e que
defende o Estado Novo, de Getúlio Vargas (1937-45).
"Pode pôr aí que sou fã do Estado Novo. Só isso. Essa história toda vai se resolver internamente na
UFRGS", disse ele.
O procurador-geral da UFRGS,
Armando Pitrez, cogita a possibilidade de, após a sindicância, o
aluno ser expulso, além de processado por crime -o caso seria
levado ao Ministério Público.
A Folha apurou que há pelo menos quatro grupos de diferentes
vertentes fazendo apologia da discriminação étnica, religiosa e racial no Estado. "Eles se movem
com eficiência. Vem gente do exterior, grupos musicais que tocam
para 20 pessoas. Essa rede vem
pregando pela internet", disse Jair
Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos.
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