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Aprovada primeira vacina contra o câncer uterino
Imunizante liberado nos EUA deverá ser autorizado no Brasil no 2º semestre
Produto inibe 4 tipos de HPV e previne 70% dos tumores no colo do útero, mas só tem efeito em mulheres que ainda não estão infectadas
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
Foi aprovada ontem nos
EUA a primeira vacina que protege as mulheres contra o câncer de colo do útero, doença
que mata pelo menos 7.000
brasileiras por ano. A aprovação no Brasil está sendo aguardada para o segundo semestre.
Autorizada pela agência norte-americana que regula fármacos e alimentos, FDA, a vacina Gardasil (Merck Sharp &
Dohme) é recomendada para
mulheres entre 9 e 26 anos e
previne a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), que
causa o câncer de colo uterino.
A recomendação em idade
tão precoce foi feita em razão
de a vacina funcionar melhor
em meninas que ainda não iniciaram a vida sexual e, portanto, não tiveram contato com o
HPV. Ela não protege pessoas
já infectadas e não imuniza
contra todos os tipos de câncer
uterino -cobre cerca de 70%.
No próximo dia 29, o comitê
norte-americano de práticas de
imunização deve definir como
será a rotina de vacinação com
o novo produto nos EUA.
O assunto é polêmico. Grupos conservadores, como o Foco na Família, são contra a obrigatoriedade para crianças e jovens. Para eles -que defendem
a abstinência sexual como melhor forma de prevenir o HPV e
outras doenças sexualmente
transmissíveis-, a decisão deve partir dos pais.
Brasil
O laboratório fabricante já
pediu à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a licença para comercializar a vacina no Brasil. A agência deve
dar um parecer a respeito entre
setembro e outubro. Se for positivo, a vacina entrará no mercado nacional ainda neste ano.
"Os documentos estão sendo
analisados e o processo estaria
correndo a contento", disse à
Folha Luisa Villa, do Instituto
Ludwig de Pesquisa sobre o
Câncer, em São Paulo. Ela
coordenou a etapa brasileira
dos testes clínicos da vacina,
que envolveu 3.000 mulheres.
Segundo a médica, a vacina
tem eficácia de 100% contra infecção por quatro tipos de HPV
(as linhagens 6, 11, 16 e 18) nas
mulheres que ainda não foram
expostas ao parasita -portanto, a imunização deveria ocorrer antes que fosse iniciada a vida sexual.
"É importante ressaltar que
não existe nenhum efeito terapêutico", afirmou a pesquisadora. Ou seja, ela não serve para
tratar lesões genitais ou câncer
de colo de útero previamente
provocados por HPV.
Porém, diz Villa, há benefício
para mulheres já expostas ao
vírus, porque dificilmente alguém se infecta com os quatro
tipos de uma vez.
"Alguém que já foi previamente exposto ao HPV-6 estará 100% protegido contra o
HPV-11, 16 e 18", afirmou.
Há vários tipos de HPV. Alguns são inócuos, outros produzem verrugas genitais e os
mais perigosos geram lesões
que levam ao câncer.
O teste da vacina envolveu 25
mil mulheres com idades entre
16 e 23 anos, em 33 países. No
Brasil, uma outra vacina passa
por testes com animais. Desenvolvida pela USP e pelo Instituto Butantan, ela só se aplica aos
tipos 16 e 18. Outros grupos
buscam novas estratégias para
atacar o vírus.
Com agências internacionais
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