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"Fiz aquilo que tinha de fazer", diz Jobim
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, negou ontem erro ou
precipitação por ter divulgado
a localização de destroços do
Airbus da Air France na terça-feira passada -dias antes da
confirmação. Disse que sua intenção era aliviar a "angústia
das famílias" dos passageiros.
"Fiz aquilo que tinha que fazer. E voltaria a fazer, não obstante os desgostos daqueles
que pretendem, em cima de um
fato, procurar somente divergências", disse Jobim, que esteve em São Paulo num debate
com empresários sobre a infraestrutura aeroportuária.
Na terça, ele divulgou a localização de objetos do Airbus,
que não foram encontrados no
dia seguinte pelas equipes de
busca -um pedaço recolhido
não pertencia à aeronave. O caso foi motivo de críticas inclusive na imprensa francesa.
O ministro da Defesa disse
que a retirada de corpos e destroços no último fim de semana
confirmou que ele estava certo,
porque os objetos visualizados
na ocasião, num raio de cinco
quilômetros, tinham sido levados pela corrente marítima.
Jobim afirmou ter considerado "irrelevantes" as críticas
que recebeu na França -embora tenha contatado as autoridades do país por meio do Itamaraty. "Depois de 20 e tantos
anos de vida pública, [...] tenho
costas de crocodilo e arrogância de gaúcho", declarou, em referência ao fato de estar acostumado com esse tipo de crítica.
Cobrar da Air France
O ministro foi questionado
por um empresário sobre quem
irá bancar as despesas com a
operação de resgate do acidente -que tem 800 homens da
Marinha e Aeronáutica, 12
aviões e 5 navios brasileiros.
Respondeu que "é o Brasil, o
contribuinte brasileiro", para
depois emendar: "O sr. já está
querendo abrir a discussão se
nós vamos cobrar isso da Air
France, não é isso? Essa resposta eu não darei", disse.
A declaração foi feita sem que
a pergunta tivesse mencionado
a possibilidade ou citado a companhia. Mais tarde, questionado por jornalistas, Jobim se limitou a responder que esse tema não havia sido examinado.
O ministro fez questão de
atribuir aos franceses a falha
pela divulgação da quantidade
incorreta de corpos resgatados
até anteontem -"foram resgatados 16 corpos; os franceses
erraram, disseram que eram
17"- , mas negou qualquer
"abalo" na relação dos países.
Questionado sobre uma possível falta de isenção da França
para investigar um acidente
que envolve uma fabricante (a
Airbus) e uma empresa aérea (a
Air France) que têm a França
como acionista, Jobim afirmou
que "não há razão nenhuma para colocar sob suspeição um organismo daquela natureza".
(ALENCAR IZIDORO)
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