São Paulo, terça-feira, 09 de junho de 2009

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"Fiz aquilo que tinha de fazer", diz Jobim

DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, negou ontem erro ou precipitação por ter divulgado a localização de destroços do Airbus da Air France na terça-feira passada -dias antes da confirmação. Disse que sua intenção era aliviar a "angústia das famílias" dos passageiros.
"Fiz aquilo que tinha que fazer. E voltaria a fazer, não obstante os desgostos daqueles que pretendem, em cima de um fato, procurar somente divergências", disse Jobim, que esteve em São Paulo num debate com empresários sobre a infraestrutura aeroportuária.
Na terça, ele divulgou a localização de objetos do Airbus, que não foram encontrados no dia seguinte pelas equipes de busca -um pedaço recolhido não pertencia à aeronave. O caso foi motivo de críticas inclusive na imprensa francesa.
O ministro da Defesa disse que a retirada de corpos e destroços no último fim de semana confirmou que ele estava certo, porque os objetos visualizados na ocasião, num raio de cinco quilômetros, tinham sido levados pela corrente marítima.
Jobim afirmou ter considerado "irrelevantes" as críticas que recebeu na França -embora tenha contatado as autoridades do país por meio do Itamaraty. "Depois de 20 e tantos anos de vida pública, [...] tenho costas de crocodilo e arrogância de gaúcho", declarou, em referência ao fato de estar acostumado com esse tipo de crítica.

Cobrar da Air France
O ministro foi questionado por um empresário sobre quem irá bancar as despesas com a operação de resgate do acidente -que tem 800 homens da Marinha e Aeronáutica, 12 aviões e 5 navios brasileiros.
Respondeu que "é o Brasil, o contribuinte brasileiro", para depois emendar: "O sr. já está querendo abrir a discussão se nós vamos cobrar isso da Air France, não é isso? Essa resposta eu não darei", disse.
A declaração foi feita sem que a pergunta tivesse mencionado a possibilidade ou citado a companhia. Mais tarde, questionado por jornalistas, Jobim se limitou a responder que esse tema não havia sido examinado.
O ministro fez questão de atribuir aos franceses a falha pela divulgação da quantidade incorreta de corpos resgatados até anteontem -"foram resgatados 16 corpos; os franceses erraram, disseram que eram 17"- , mas negou qualquer "abalo" na relação dos países.
Questionado sobre uma possível falta de isenção da França para investigar um acidente que envolve uma fabricante (a Airbus) e uma empresa aérea (a Air France) que têm a França como acionista, Jobim afirmou que "não há razão nenhuma para colocar sob suspeição um organismo daquela natureza".
(ALENCAR IZIDORO)


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