São Paulo, terça, 9 de junho de 1998

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Docentes querem fazer greve de fome

da Sucursal de Brasília

Os professores universitários ameaçam iniciar uma greve de fome na próxima segunda-feira. A ação só seria suspensa caso o impasse entre a Andes (sindicato que reúne os docentes) e o Ministério da Educação seja solucionado nesta semana. A greve dos professores completa hoje 71 dias.
Segundo o comando de greve, o local da greve de fome já está sendo escolhido (provavelmente, Brasília) e já existem seis professores que já se apresentaram como voluntários.
O secretário de Educação Superior, do Ministério da Educação, Abílio Baeta Neves, confirmou, no final da tarde de ontem, o envio do projeto de lei de reajuste salarial dos professores para o ministro da Casa Civil, Clóvis Carvalho.
De acordo com a proposta original do MEC, o reajuste a ser concedido na forma de gratificação variava de R$ 96 a R$ 1.100, beneficiando apenas os professores com titulação de mestre ou doutor. O texto enviado ontem para a Casa Civil, no entanto, contém algumas modificações.
Abílio Baeta informou que os professores com graduação e especialização e os inativos foram incluídos na gratificação.
O ministro Paulo Renato Souza (Educação) havia confirmado, na semana passada, que iria estender o benefício a esses professores, atendendo a uma sugestão apresentada pela Andifes (entidade que reúne os reitores das instituições federais de ensino superior).
Outra modificação foi a ampliação da gratificação prevista para os professores com doutorado e em regime de dedicação exclusiva. O valor passou de R$ 1.100 para cerca de R$ 1.300.
O secretário disse que o projeto deverá ser enviado hoje ao Congresso, após assinatura do presidente Fernando Henrique Cardoso. A Andes confirmou que entrega a proposta oficial ao MEC hoje.
A Andes encaminhou duas propostas de aumento salarial para ser votado nas assembléias nos Estados. Até o início da noite de ontem, a entidade ainda não tinha um balanço sobre o resultado das votações. As duas propostas encaminhadas foram: o reajuste diferenciado que varia de 20,40% a 70,83% ou o linear de 48,65%, abrangendo todos os docentes, com graduação e com titulação.
Abílio Baeta afirmou que, "pelas notícias dos jornais", a proposta dos professores é muito diferente do proposto pelo MEC. Os docentes, segundo ele, demoraram muito tempo pra flexibilizar a proposta de reajuste salarial. "Se é o que li nos jornais, é uma proposta mirabolante. Fico com a sensação de que os professores não sabem como sair da greve."
Rubens Freire, da direção da Andes, disse que essa decisão de realizar a greve de fome é "um ato extremo e de enfrentamento".



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