São Paulo, segunda-feira, 09 de julho de 2001

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PERFIL

Rolim começou com táxi aéreo e faturou US$ 1 bi em 2000

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

O comandante Rolim andava a mil por hora.
Três semanas antes de sua morte, quando, em 17 de junho, a TAM iniciou seus vôos para Frankfurt, ele declarou, em entrevista: "Nossa participação no mercado brasileiro de aviação agora é de 31%, de modo que passamos a Varig [que detém no país 80% do mercado de vôos internacionais", e isso é um grande feito".
Na manhã seguinte, Rolim já estava pronto para, de Frankfurt, ir a Le Bourget, na França, onde, na maior feira mundial de aviação, assinaria contratos de fornecimento de jatos Airbus e Embraer.
E isso não era tudo. Nessa mesma manhã, antes de ir para Paris, Rolim já engendrava um outro vôo: ocupar o lugar da combalida Aerolíneas Argentinas, lançando uma linha aérea na Argentina. A nova empresa seria formada a partir do braço da TAM no Mercosul, que tem sede no Paraguai, e por uma pequena companhia aérea argentina adquirida na semana retrasada. Rolim, que era só energia, comentava ainda com interesse artigo de Luís Nassif, publicado pela Folha, onde se aventava a hipótese de criação de uma "AmBev" para a aviação brasileira, juntando TAM e Varig.
Líder empresarial dinâmico e atirado que faria 59 anos no próximo dia 15 de setembro, Rolim Adolfo Amaro tinha pressa.
Começou sua carreira de piloto nos anos 60, na empresa Táxi Aéreo Marília. Sua ambição na época, dizia, com sotaque do interior, era a de ser "o melhor comandante da companhia". Mas, por uma ironia do destino, acabou deixando a Táxi Aéreo Marília e foi pilotar para o Projeto BCN, às margens do rio Araguaia.
Foi nessa época que Rolim comprou o seu primeiro avião, um Cessna-170, de três lugares. Dois anos depois, já dirigia uma frota de dez aviões na Araguaia Transportes Aéreos (ATA).
Nesse meio tempo, a Táxi Aéreo Marília, ou TAM, foi vendida para o fazendeiro Orlando Ometto, dirigente do Grupo Ometto.
Orlando era amigo e passageiro do comandante Rolim -e logo o convidou para ser sócio da TAM.
Foi aí que o comandante Rolim realmente decolou no mundo da aviação comercial brasileira. Não que tudo tivesse sido céu de brigadeiro para esse paulista de Pereira Barreto, casado com Noemy Amaro e pai de três filhos, Maria Cláudia, Maurício e Marcos.
A TAM, que hoje tem 7.200 funcionários e opera 73 jatos -voando, no exterior, para destinos como Buenos Aires, Miami, Paris e Frankfurt-, enfrentou acidentes feios, como o do Fokker-100 que, em 1996, caiu próximo ao aeroporto de Congonhas, matando 99 pessoas, e um outro, no ano seguinte, quando um passageiro foi ejetado de um avião.
O comandante Rolim fez mais de 300 conferências em entidades empresariais, universidades e escolas nos últimos cinco anos. Sua obsessão pela TAM e pelo marketing criou a campanha "Fale com o Presidente", programa que visava aproximar o passageiro da empresa -e, não raro, o comandante era visto destacando bilhetes junto à escadinha de seus aviões.
Rolim Adolfo Amaro estimava que a companhia fecharia este ano faturando algo em torno de US$ 1,5 bilhão. "Estamos dentro de nossa previsão de faturamento em Real, mas há o problema da variação cambial."
Crítico dos políticos, Rolim, a essa altura, não era só otimismo. Apesar do vulto das transações que capitaneava, declarou, há exatas três semanas, que iríamos ter "tempos difíceis pela frente". "Sobretudo se o dólar for a R$ 2,70, como eu acho que ele vai."
Quem sobreviver, verá.



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