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PERFIL
Rolim começou com táxi aéreo e faturou US$ 1 bi em 2000
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
O comandante Rolim andava a
mil por hora.
Três semanas antes de sua morte, quando, em 17 de junho, a
TAM iniciou seus vôos para
Frankfurt, ele declarou, em entrevista: "Nossa participação no
mercado brasileiro de aviação
agora é de 31%, de modo que passamos a Varig [que detém no país
80% do mercado de vôos internacionais", e isso é um grande feito".
Na manhã seguinte, Rolim já estava pronto para, de Frankfurt, ir
a Le Bourget, na França, onde, na
maior feira mundial de aviação,
assinaria contratos de fornecimento de jatos Airbus e Embraer.
E isso não era tudo. Nessa mesma manhã, antes de ir para Paris,
Rolim já engendrava um outro
vôo: ocupar o lugar da combalida
Aerolíneas Argentinas, lançando
uma linha aérea na Argentina. A
nova empresa seria formada a
partir do braço da TAM no Mercosul, que tem sede no Paraguai, e
por uma pequena companhia aérea argentina adquirida na semana retrasada. Rolim, que era só
energia, comentava ainda com interesse artigo de Luís Nassif, publicado pela Folha, onde se aventava a hipótese de criação de uma
"AmBev" para a aviação brasileira, juntando TAM e Varig.
Líder empresarial dinâmico e
atirado que faria 59 anos no próximo dia 15 de setembro, Rolim
Adolfo Amaro tinha pressa.
Começou sua carreira de piloto
nos anos 60, na empresa Táxi Aéreo Marília. Sua ambição na época, dizia, com sotaque do interior,
era a de ser "o melhor comandante da companhia". Mas, por uma
ironia do destino, acabou deixando a Táxi Aéreo Marília e foi pilotar para o Projeto BCN, às margens do rio Araguaia.
Foi nessa época que Rolim comprou o seu primeiro avião, um
Cessna-170, de três lugares. Dois
anos depois, já dirigia uma frota
de dez aviões na Araguaia Transportes Aéreos (ATA).
Nesse meio tempo, a Táxi Aéreo
Marília, ou TAM, foi vendida para
o fazendeiro Orlando Ometto, dirigente do Grupo Ometto.
Orlando era amigo e passageiro
do comandante Rolim -e logo o
convidou para ser sócio da TAM.
Foi aí que o comandante Rolim
realmente decolou no mundo da
aviação comercial brasileira. Não
que tudo tivesse sido céu de brigadeiro para esse paulista de Pereira
Barreto, casado com Noemy
Amaro e pai de três filhos, Maria
Cláudia, Maurício e Marcos.
A TAM, que hoje tem 7.200 funcionários e opera 73 jatos -voando, no exterior, para destinos como Buenos Aires, Miami, Paris e
Frankfurt-, enfrentou acidentes
feios, como o do Fokker-100 que,
em 1996, caiu próximo ao aeroporto de Congonhas, matando 99
pessoas, e um outro, no ano seguinte, quando um passageiro foi
ejetado de um avião.
O comandante Rolim fez mais
de 300 conferências em entidades
empresariais, universidades e escolas nos últimos cinco anos. Sua
obsessão pela TAM e pelo marketing criou a campanha "Fale com
o Presidente", programa que visava aproximar o passageiro da empresa -e, não raro, o comandante era visto destacando bilhetes
junto à escadinha de seus aviões.
Rolim Adolfo Amaro estimava
que a companhia fecharia este
ano faturando algo em torno de
US$ 1,5 bilhão. "Estamos dentro
de nossa previsão de faturamento
em Real, mas há o problema da
variação cambial."
Crítico dos políticos, Rolim, a
essa altura, não era só otimismo.
Apesar do vulto das transações
que capitaneava, declarou, há
exatas três semanas, que iríamos
ter "tempos difíceis pela frente".
"Sobretudo se o dólar for a R$
2,70, como eu acho que ele vai."
Quem sobreviver, verá.
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