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INTERIOR DE SP
No cemitério, família descobriu que criança respirava; estado é grave
Bebê escapa de ser enterrado vivo
ADRIANA MATIUZO
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Uma menina recém-nascida
quase foi enterrada viva ontem
em Patrocínio Paulista (413 km de
São Paulo). Ela havia sido dada
como morta dez horas antes pela
Santa Casa de Franca.
O erro só foi descoberto no cemitério, no momento em que o
caixão foi aberto para a última homenagem. Ontem, no começo da
tarde, o estado da criança era considerado grave.
Renata e seu irmão gêmeo, Renato Teixeira Moreira, nasceram
prematuramente com 400 gramas, na tarde de anteontem. A
mãe deles, a dona-de-casa Lourdes da Silva Teixeira Moreira, estava no sexto mês de gravidez.
A menina foi dada como morta
às 2h e o menino, às 5h20, segundo os atestados de óbito emitidos
pelo hospital, aos quais a Folha teve acesso ontem à tarde. Eles teriam morrido por insuficiência
respiratória e prematuridade extrema. A mãe ficou internada. O
pai, o administrador de fazenda
Antonio Joaquim Moreira, contratou uma funerária.
O bebê morto e sua irmã viva foram colocados em caixões fechados e levados para o Cemitério
Municipal de Patrocínio Paulista.
Somente por volta das 12h,
quando iam ser enterrados, as
tampas dos caixões foram abertas
e uma tia da menina percebeu que
ela estava respirando.
A menina foi encaminhada com
urgência para a Santa Casa de
Franca, onde voltou a ser internada. O menino foi enterrado.
Manir Martos Salomão, 37, delegado de Patrocínio Paulista, disse que tudo indica que a responsabilidade teria sido do médico
que assinou o atestado de óbito,
cujo nome não foi divulgado.
"Se essa criança morrer, o médico poderá responder por homicídio culposo e, se ela sobreviver,
vai se tratar de lesão corporal culposa", disse o delegado.
O pai das crianças disse que sua
mulher fez tratamento para engravidar. Ela havia sofrido um
aborto espontâneo, há cerca de
um ano.
Segundo o delegado do CRM
(Conselho Regional de Medicina)
de Franca, Ulisses Menicucci, será
instaurada uma sindicância. De
acordo com ele, a catalepsia
-doença que faz com que pessoas vivas pareçam temporariamente mortas- não poderia ter
ocorrido porque é um problema
que atinge somente adultos.
Outro lado
A direção da Santa Casa de
Franca informou ontem que só
irá se pronunciar sobre o caso
após a apuração do fato. O médico que atendeu a criança foi procurado no hospital, mas não foi
localizado.
O secretário de Saúde de Franca, Marco Aurélio Piacesi, defendeu os médicos da Santa Casa, definidos por ele como "credenciados e altamente especializados".
"Não se está lidando com serviço
displicente. Aconteceu alguma
coisa que ninguém consegue entender", afirmou Piacesi.
Colaborou RICARDO GALLO, free-lance
para a Folha Ribeirão
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