São Paulo, sexta-feira, 09 de agosto de 2002

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CASO TIM LOPES

Ação ocorreu menos de 24 horas depois de a governadora Benedita da Silva ter exonerado responsáveis pelo inquérito

Um dos acusados é morto pela polícia no Rio

SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

Menos de 24 horas depois de a governadora do Rio, Benedita da Silva (PT), ter determinado a exoneração dos responsáveis pelo inquérito sobre a morte do jornalista Tim Lopes, a polícia matou um dos quatro traficantes acusados que continuavam foragidos.
Maurício de Lima Matias, 29, o Boizinho, foi morto durante uma ação na favela de Vigário Geral (zona norte). Com ele estavam Ricardo Vítor dos Santos, 31, o Cuco, que também foi morto, e um homem que conseguiu fugir.
Segundo o delegado Alan Turnowski, da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas, o objetivo era prender Boizinho e Cuco, localizados por meio de rastreamento de ligações telefônicas.
Cercados, eles teriam apontado as armas para os policiais.
Boizinho foi apontado como um dos quatro foragidos que teriam assassinado Lopes no dia 2 de junho. Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, André Barbosa e Anderson Carvalho continuam soltos. Outros cinco estão presos. Boizinho seria o principal assessor de Elias Maluco.
Cuco era apontado como o segundo homem na hierarquia do CV (Comando Vermelho), abaixo apenas de Elias Maluco.
"Agora só faltam três", disse o secretário da Segurança Pública do Estado, Roberto Aguiar, ao saber da morte de Boizinho.
As mortes ocorreram horas depois da exoneração do delegado Sérgio Falante (titular da 22ª Delegacia de Polícia), que presidiu o inquérito do assassinato do jornalista. Por determinação da governadora, também foi afastado o inspetor Daniel Gomes, responsável pela investigações.
A decisão foi tomada após a divulgação do relatório feito pelo inspetor e anexado ao inquérito enviado à Justiça. O relatório diz que Lopes pôs a própria vida em risco ao fazer uma reportagem no complexo do Alemão.
"No afã de efetuar melhores imagens dos traficantes, o jornalista se colocou muito perto do perigo, não vislumbrando a diferença da emoção para a razão", diz o relatório.
Segundo o chefe da Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, o inspetor errou ao incluir "manifestações pessoais que colocaram em risco a tecnicidade do inquérito".
Teixeira também disse que o delegado cometeu dois erros: o de não ter lido todo o relatório -Falante informou que não lera os comentários de Gomes- e o de não tê-lo encaminhado aos superiores antes de enviá-lo à Justiça.
A Corregedoria Unificada das Polícias do Rio abriu uma sindicância interna para apurar os atos de Daniel Gomes.
Teixeira pediu ao Ministério Público Estadual que reenvie o inquérito à polícia para que os supostos erros possam ser corrigidos. Segundo Teixeira, as novas investigações ficarão a cargo da Delegacia de Homicídios.



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