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CASO TIM LOPES
Ação ocorreu menos de 24 horas depois de a governadora Benedita da Silva ter exonerado responsáveis pelo inquérito
Um dos acusados é morto pela polícia no Rio
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
Menos de 24 horas depois de a
governadora do Rio, Benedita da
Silva (PT), ter determinado a exoneração dos responsáveis pelo inquérito sobre a morte do jornalista Tim Lopes, a polícia matou um
dos quatro traficantes acusados
que continuavam foragidos.
Maurício de Lima Matias, 29, o
Boizinho, foi morto durante uma
ação na favela de Vigário Geral
(zona norte). Com ele estavam Ricardo Vítor dos Santos, 31, o Cuco, que também foi morto, e um
homem que conseguiu fugir.
Segundo o delegado Alan Turnowski, da Delegacia de Roubos e
Furtos de Cargas, o objetivo era
prender Boizinho e Cuco, localizados por meio de rastreamento
de ligações telefônicas.
Cercados, eles teriam apontado
as armas para os policiais.
Boizinho foi apontado como
um dos quatro foragidos que teriam assassinado Lopes no dia 2
de junho. Elias Pereira da Silva, o
Elias Maluco, André Barbosa e
Anderson Carvalho continuam
soltos. Outros cinco estão presos.
Boizinho seria o principal assessor de Elias Maluco.
Cuco era apontado como o segundo homem na hierarquia do
CV (Comando Vermelho), abaixo apenas de Elias Maluco.
"Agora só faltam três", disse o
secretário da Segurança Pública
do Estado, Roberto Aguiar, ao saber da morte de Boizinho.
As mortes ocorreram horas depois da exoneração do delegado
Sérgio Falante (titular da 22ª Delegacia de Polícia), que presidiu o
inquérito do assassinato do jornalista. Por determinação da governadora, também foi afastado o
inspetor Daniel Gomes, responsável pela investigações.
A decisão foi tomada após a divulgação do relatório feito pelo
inspetor e anexado ao inquérito
enviado à Justiça. O relatório diz
que Lopes pôs a própria vida em
risco ao fazer uma reportagem no
complexo do Alemão.
"No afã de efetuar melhores
imagens dos traficantes, o jornalista se colocou muito perto do
perigo, não vislumbrando a diferença da emoção para a razão",
diz o relatório.
Segundo o chefe da Polícia Civil,
Zaqueu Teixeira, o inspetor errou
ao incluir "manifestações pessoais que colocaram em risco a
tecnicidade do inquérito".
Teixeira também disse que o delegado cometeu dois erros: o de
não ter lido todo o relatório -Falante informou que não lera os comentários de Gomes- e o de não
tê-lo encaminhado aos superiores
antes de enviá-lo à Justiça.
A Corregedoria Unificada das
Polícias do Rio abriu uma sindicância interna para apurar os atos
de Daniel Gomes.
Teixeira pediu ao Ministério Público Estadual que reenvie o inquérito à polícia para que os supostos erros possam ser corrigidos. Segundo Teixeira, as novas
investigações ficarão a cargo da Delegacia de Homicídios.
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