São Paulo, sexta-feira, 09 de agosto de 2002

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Equipamento é retido em aeroporto

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), está há dois meses impedido de realizar cirurgias de alta complexidade. A estimativa do hospital é que pelo menos cinco cirurgias por semana não estejam sendo realizadas.
O motivo: a Receita Federal retém, desde junho, no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (95 km a noroeste de São Paulo), duas peças que compõem o arco cirúrgico -aparelho que permite a visualização de partes internas de pacientes durante a realização da cirurgia.
Alguns pacientes estão sendo encaminhados a outros hospitais do Rio. Outros aguardam a liberação das peças para que a cirurgia possa ser agendada.

Fiscais
Segundo o Unafisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal) de São Paulo, os fiscais estão, desde o início de julho, fazendo uma "operação padrão" -fiscalização rigorosa que resulta no atraso da liberação de produtos importados.
O Unafisco informou que apenas animais vivos, medicamentos e alimentos perecíveis estão sendo liberados normalmente.
Segundo o chefe do Serviço de Neurocirurgia do hospital, Jorge Marcondes, o arco cirúrgico é fundamental para procedimentos de retirada de tumores da hipófise e da coluna vertebral, correção de fraturas, cirurgias neurológicas e urológicas.
O hospital possui o aparelho há dois anos, mas houve a necessidade de comprar duas peças -uma placa de terceira dimensão e um cabo de conexões- para repor as que deixaram de funcionar. As peças foram importadas da empresa Siemens, na Alemanha, e custaram R$ 7.916 ao hospital.
O arco cirúrgico -ou intensificador de imagem- possibilita que o médico acompanhe, ao vivo, o trajeto do equipamento até o local a ser operado e ajuda a definir se há necessidade de modificar a estratégia da cirurgia.
Em casos ortopédicos, ele orienta o cirurgião a definir a posição de placas e pinos.
"Entendo que haja greve e que eles lutem por seus direitos, mas não podem colocar a vida de pessoas em risco. Eles precisam considerar que não estamos falando de um carro de luxo e sim de equipamento médico", afirmou Marcondes.
A Siemens, que contratou um despachante para tentar agilizar a liberação das peças, informou ao hospital que o material deverá chegar hoje à unidade.
"Várias vezes já disseram que o problema estava resolvido, mas até agora não recebemos as peças", disse Marcondes.



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