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São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2003

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EDUCAÇÃO

Estaduais e Unifesp aderem à greve; servidores paulistas reclamam também de aumento na contribuição previdenciária

Universidades de SP param contra reforma

DA REPORTAGEM LOCAL

Um mês depois de cruzarem os braços contra a reforma da Previdência, os servidores federais começaram a receber o apoio da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e das universidades estaduais paulistas, que entram em greve pelo mesmo motivo.
No caso dos servidores estaduais, o protesto se estende ao aumento na contribuição previdenciária da categoria -que foi sancionado em junho e entra em vigor a partir de outubro.
Na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), desde ontem cerca de 60% dos docentes não dão aulas, segundo a associação de docentes.
Já professores e técnicos administrativos da Unifesp estão parados desde terça-feira passada, embora a Adunifesp (associação dos docentes da universidade) afirme não ter ainda um balanço do movimento.
Segunda-feira, dia 11, é a vez de os professores da USP (Universidade de São Paulo) pararem por tempo indeterminado. Na mesma data, professores e funcionários da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Assis (427 km da capital) também paralisam as atividades. Os demais 14 campi da universidade no interior devem decidir se aderem ou não ao movimento na próxima semana.
A entrada "tardia" na paralisação nacional se deveu ao fato de, durante o mês de julho, tanto as estaduais paulistas como a Unifesp estarem em férias letivas.
Por enquanto, os funcionários das universidades (exceto os da Unesp) não aderem à paralisação. Eles devem decidir se entram em greve ao longo da próxima semana. O fato de parcela significativa da categoria ser contratada pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) dificulta a mobilização contra a reforma da Previdência.

Queixa extra
Além da oposição à reforma, os servidores estaduais de São Paulo têm uma reclamação extra.
A partir de outubro, eles passam a ter de contribuir com mais 5% do salário para o tesouro do Estado, desconto que irá, segundo o governo, reforçar o caixa da Previdência paulista. Somando ao que já é descontado da folha de pagamento, a contribuição previdenciária será, ao todo, de 13%.
"Nós achamos que isso é um confisco salarial", afirma o presidente da Adusp (Associação dos Docentes da USP), Américo Kerr. Segundo ele, o governo estadual aproveitou que as atenções estavam voltadas para a reforma da Previdência em nível federal e conseguiu aprovar a mudança.
A Adusp está estudando que medidas judiciais pode tomar contra o aumento, diz Kerr.

Unicamp
A adesão dos professores da Unicamp à greve aumentou ontem, após o anúncio de que os docentes da USP haviam decidido paralisar as atividades a partir de segunda-feira.
De acordo com a reitoria da universidade, a greve, iniciada na última quarta-feira, teve a participação de 15% dos professores. Para a Adunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp), a adesão ontem atingiu 60% da categoria.
Estavam com suas atividades interrompidas o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, o Instituto de Estudos da Linguagem e o Instituto de Artes. A paralisação foi parcial nas faculdades de Engenharia de Alimentos, Educação, Educação Física e Engenharia Agrícola.
Segundo a presidente da Adunicamp, Aparecida Affonso Moysés, haverá, na terça, um debate sobre as perspectivas para a previdência do setor público. "Não podemos assistir impunes ao desmonte do Estado brasileiro."
Em assembléia, o Diretório Central dos Estudantes votou pela deflagração de uma paralisação dos alunos, em solidariedade ao protesto dos professores contra a reforma da Previdência.


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