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Hoje, metroviários adotam operação-padrão
Medidas aprovadas ontem pelo sindicato incluem recusa em fazer hora extra e obediência estrita aos manuais do Metrô
Funcionários protestam contra as 61 demissões determinadas pelo governo após a greve realizada
na semana passada
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os metroviários iniciam hoje
o que eles batizaram de "operação-procedimento" em protesto contra a demissão de 61 funcionários após a greve de dois
dias da semana passada. Eles
também reivindicam a distribuição igualitária da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) aos servidores do Metrô.
A "operação-procedimento"
-espécie de operação-padrão- consiste em cumprir rigorosamente o que determinam os manuais do Metrô. Assim, se o manual determina que
um trem saia de operação para
passar por manutenção, isso
será feito. Se o manual estabelece que uma catraca precisa
ser inutilizada para ser substituída, também será feito.
"Às vezes, a gente fica na base
do quebra-galho. Agora, se tiver
um problema que a manutenção acha que não pode colocar
em operação, não vai colocar.
Não vamos parar o metrô, não
vamos fazer "operação-tartaruga", não vamos prejudicar a população, mas não vamos mais
passar por cima dos procedimentos", disse o presidente do
Sindicato dos Metroviários,
Flávio Montesinos Godói.
Durante a operação, os funcionários também não farão
mais horas extras. "Se não tiver
operador para colocar o metrô
pra funcionar em dia de Virada
Cultural, problema do Metrô.
Se não tiver segurança para segurar a torcida em dia de futebol, problema do Metrô. Ninguém é obrigado a fazer hora
extra no seu dia de folga."
Para o sindicato, as demissões foram um ato de represália
em razão da greve. A entidade
preparou um "calendário de lutas" contra as demissões, que
inclui atos públicos, a "operação-procedimento" e busca de
apoios entre políticos e entidades da sociedade civil para tentar reverter as demissões.
Em nota enviada à imprensa
ontem, o Metrô afirma que as
demissões fazem parte de uma
série de medidas "necessárias à
melhoria do desempenho da
companhia e à prestação de
bons serviços à população".
Anteontem, o Metrô havia
feito uma nova proposta aos
metroviários, mais próxima do
que pretende a categoria. A
companhia aceitou distribuir
66% da participação nos lucros
de forma igual entre os empregados, enquanto os 34% restantes seriam divididos proporcionalmente aos salários dos funcionários. Segundo o Metrô,
não houve resposta por parte
dos sindicalistas.
As decisões do sindicato foram aprovadas por unanimidade em assembléia com a presença de cerca de 350 dos 7.500
funcionários do Metrô, ontem
à noite, na sede do sindicato.
Também participaram da assembléia representantes de
partidos de oposição ao governo de José Serra (PSDB) e entidades sindicais. Ficou definido
que, no dia 17, essas entidades
farão um ato público no centro
de São Paulo contra o governo
Serra, pelo direito de greve e
"contra a criminalização dos
movimentos sociais".
Deverão participar do ato os
sindicatos dos funcionários da
CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), dos Eletricitários e dos professores da
rede estadual, todos em campanha salarial.
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