São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2007

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Hoje, metroviários adotam operação-padrão

Medidas aprovadas ontem pelo sindicato incluem recusa em fazer hora extra e obediência estrita aos manuais do Metrô

Funcionários protestam contra as 61 demissões determinadas pelo governo após a greve realizada na semana passada

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os metroviários iniciam hoje o que eles batizaram de "operação-procedimento" em protesto contra a demissão de 61 funcionários após a greve de dois dias da semana passada. Eles também reivindicam a distribuição igualitária da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) aos servidores do Metrô.
A "operação-procedimento" -espécie de operação-padrão- consiste em cumprir rigorosamente o que determinam os manuais do Metrô. Assim, se o manual determina que um trem saia de operação para passar por manutenção, isso será feito. Se o manual estabelece que uma catraca precisa ser inutilizada para ser substituída, também será feito.
"Às vezes, a gente fica na base do quebra-galho. Agora, se tiver um problema que a manutenção acha que não pode colocar em operação, não vai colocar. Não vamos parar o metrô, não vamos fazer "operação-tartaruga", não vamos prejudicar a população, mas não vamos mais passar por cima dos procedimentos", disse o presidente do Sindicato dos Metroviários, Flávio Montesinos Godói.
Durante a operação, os funcionários também não farão mais horas extras. "Se não tiver operador para colocar o metrô pra funcionar em dia de Virada Cultural, problema do Metrô. Se não tiver segurança para segurar a torcida em dia de futebol, problema do Metrô. Ninguém é obrigado a fazer hora extra no seu dia de folga."
Para o sindicato, as demissões foram um ato de represália em razão da greve. A entidade preparou um "calendário de lutas" contra as demissões, que inclui atos públicos, a "operação-procedimento" e busca de apoios entre políticos e entidades da sociedade civil para tentar reverter as demissões.
Em nota enviada à imprensa ontem, o Metrô afirma que as demissões fazem parte de uma série de medidas "necessárias à melhoria do desempenho da companhia e à prestação de bons serviços à população".
Anteontem, o Metrô havia feito uma nova proposta aos metroviários, mais próxima do que pretende a categoria. A companhia aceitou distribuir 66% da participação nos lucros de forma igual entre os empregados, enquanto os 34% restantes seriam divididos proporcionalmente aos salários dos funcionários. Segundo o Metrô, não houve resposta por parte dos sindicalistas.
As decisões do sindicato foram aprovadas por unanimidade em assembléia com a presença de cerca de 350 dos 7.500 funcionários do Metrô, ontem à noite, na sede do sindicato.
Também participaram da assembléia representantes de partidos de oposição ao governo de José Serra (PSDB) e entidades sindicais. Ficou definido que, no dia 17, essas entidades farão um ato público no centro de São Paulo contra o governo Serra, pelo direito de greve e "contra a criminalização dos movimentos sociais".
Deverão participar do ato os sindicatos dos funcionários da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), dos Eletricitários e dos professores da rede estadual, todos em campanha salarial.


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