São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2007

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Incêndio em favela destrói 100 barracos

Aproximadamente 240 pessoas ficaram desabrigadas; causa provável do fogo foi um curto-circuito

JOHANNA NUBLAT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um incêndio destruiu cerca de cem barracos na favela localizada atrás do sacolão do Jardim São Carlos (Cidade A. E. Carvalho, zona leste de SP), deixando aproximadamente 240 desabrigados. O fogo começou por volta das 3h e só foi controlado duas horas depois. Ninguém se feriu, mas os moradores perderam praticamente tudo o que possuíam.
"Não dá nem para pedir uma roupa emprestada para o vizinho, porque também não sobrou nada do que ele tinha. Só fiquei com o controle remoto da televisão, que estava na minha mão na hora", lamentou Edna Cardoso, 41.
A hipótese mais provável é que um curto-circuito tenha causado o incêndio. Moradores do local disseram que foi no barraco do cobrador de perua Rodrigo Porteiro, 19, onde tudo começou. "Foi no meu barraco. Acordei com gente chamando meu nome do lado de fora. Quando vi, tinha fogo no meu colchão. Só salvei minha vida."
A intenção da subprefeitura de São Miguel era levar os desabrigados para um sacolão desativado, mas houve resistência por parte dos moradores. A maioria preferiu ir para a casa de parentes e amigos.
"Não podemos incentivar a reocupação da área, é melhor que as pessoas se dirijam ao abrigo. Certamente, muitas delas terão melhores condições de moradia lá do que aqui", disse o subprefeito de São Miguel, Décio José Ventura.
A ajudante de serviços gerais Marisete Ferraz, 28, discorda. "Ir para o abrigo pra quê? Pra passar mais necessidade que na favela? Todo mundo tem direito de morar num lugar digno, não quero usar o mesmo banheiro que 500 pessoas", disse.
De acordo com o supervisor de habitação da subprefeitura, Geraldo Malta, há seis chuveiros no abrigo, e, se for necessário, outros poderiam ser instalados. Ele também garantiu que haverá transporte para as crianças. Apesar disso, os moradores insistiram em permanecer no local, limpando o terreno e já se preparando para reconstruir os barracos.
Segundo a prefeitura, as famílias serão cadastradas em programas habitacionais. Ainda de acordo com a prefeitura, existe a possibilidade de que, futuramente, elas sejam assentadas no mesmo local.


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